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  • Sérgio Fadul - Redação A12

São Paulo VI


O pontificado de Paulo VI foi marcado por profundas transformações na Igreja e na sociedade. Abaixo destacamos pontos importantes, como por exemplo:

* A superação da mentalidade de que fora da Igreja não há salvação; * A interpretação sobre o que se entende por evangelização destaca a compreensão para uma perspectiva ecumênica e de diálogo inter-religioso; * A abertura de espaço para diversas experiências pastorais em nível mundial e, particularmente, na América Latina, com o desenvolvimento da Teologia da Libertação e das Comunidades Eclesiais de Base. Vaticano II O Concílio Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965, foi convocado por João XXIII. Com a morte do Papa, gerou-se dúvida sobre a continuidade do Concílio. Eleito em 1963, Paulo VI retomou o processo e gerou a percepção de que o próprio Concílio não seria suficiente para refletir sobre todos os problemas e desafios da Igreja. Paulo VI não só foi importante e fundamental para o encerramento do Concílio, mas deu continuidade aos temas quando propôs a realização dos Sínodos Episcopais, cujo objetivo era retomar certos temas que demandariam um maior aprofundamento e sistematização. Outro aspecto importante é a implicação prática das decisões conciliares. O pontificado de Paulo VI teve inúmeras iniciativas teológicas e pastorais, que geraram profundos questionamentos à própria Igreja. Caso fosse um Papa com mentalidade adversa ao Concílio, essas iniciativas teriam sido barradas e proibidas.

Quem foi Paulo VI? Paulo VI foi o 262º Papa da história. Ele governou a Igreja Católica durante cerca de 15 anos, entre 1963 e 1978. Nascido em 26 de setembro de 1897, Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini era natural da cidade de Concesio, na Itália. Desde cedo, mantinha uma ligação com a Igreja. Entrou para o seminário em 1916, aos 19 anos. Foi ordenado padre em 1920. Depois estudou na Universidade Gregoriana, na Universidade de Roma e na Pontifícia Academia Eclesiástica. Homem de grande talento, Montini ocupou cargos importantes na Cúria Romana e desenvolveu funções de confiança dos Papas Pio XI e Pio XII. Este último o nomeou Arcebispo de Milão. No conclave de 1958, mesmo sem ser ainda cardeal, Giovanni Montini recebeu vários votos. O sucessor de Pio XII acabou sendo João XXIII, que o nomeou cardeal. No dia 21 de junho de 1963, Giovanni Montini foi eleito Papa. Devoto de Maria, publicou três encíclicas marianas e expressou seu carinho pela Virgem Maria sob o título de Nossa Senhora Aparecida em 1967, quando enviou uma rosa de ouro para a Basílica de Aparecida. O presente foi dado em função do jubileu de 250 anos do encontro da Imagem nas águas do Rio Paraíba. Paulo VI também promoveu importantes diálogos com o mundo. Foi o primeiro Papa a viajar de avião e também o primeiro a visitar os cinco continentes. Foi o primeiro Papa a conversar com o líder da Igreja Anglicana e o primeiro, depois de muitos séculos, a conversar com dirigentes das diversas Igrejas Ortodoxas do Oriente. Em 1970, sofreu um atentado nas Filipinas. Paulo VI publicou 12 exortações apostólicas e sete encíclicas. Entre as mais conhecidas estão Evangelii Nuntiandi, sobre a evangelização, e Humanae Vitae, sobre o controle da natalidade, que se tornou de referência para a Igreja Católica nas questões sobre aborto, esterilização e métodos contraceptivos. Morreu no dia 6 de agosto de 1978 e foi sucedido por João Paulo I. O processo de beatificação de Paulo VI começou em 1993. O que os Papas falam sobre Paulo VI Durante o seu discurso na missa solene de beatificação de Paulo VI, o Papa Francisco citou uma frase do beato, pronunciada poucas semanas antes de sua morte: “O amor pelas missões é amor pela Igreja, é amor por Cristo! Nenhum cristão pode se fechar em si mesmo, mas se deve abrir às necessidades espirituais daqueles que ainda não conhecem Cristo, e são centenas de milhões!”

Francisco afirmou que Paulo VI deu um forte impulso à consciência missionária da Igreja, citando o decreto conciliar Ad gentes, sobre as missões; o motu proprio Ecclesiae sanctae, com normas para a aplicação de alguns Decretos do Concílio; a mensagem Africae terrarum, em defesa da identidade africana e seus valores tradicionais, e a exortação apostólica Evangelii nuntiandi, sobre o compromisso de anunciar o Evangelho aos homens de nosso tempo. Em 2008, por ocasião do 30º aniversário de morte de Paulo VI, o então Papa Bento XVI afirmou que Giovanni Montini era um homem sincero e profundamente apaixonado pela Igreja, que a guiou num período histórico difícil, mas também de grande renovação interior.

Bento XVI também se declarou impressionado pelo ardor missionário que animou o Papa Montini. Segundo Ratzinger, esse ardor o levou a empreender viagens apostólicas, mesmo em nações longínquas, e a realizar gestos de grande valor eclesial, missionário e ecumênico. “Com o passar dos anos torna-se cada vez mais evidente a importância do seu pontificado, para Igreja e para o mundo, assim como para a inestimável herança de magistério e de virtude que ele deixou aos crentes e à humanidade inteira”, afirmou Bento XVI. Ao instituir os Mistérios Luminosos na oração do Santo Rosário, em 2002, o Papa João Paulo II fez questão de citar o pensamento do mariano Paulo VI: “Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e sua oração corre o perigo de converter-se em mecânica repetição de fórmulas e de contradizer a advertência de Jesus”. João Paulo II voltou a citar o antecessor na Carta aos Artistas, ressaltando o carisma de diálogo de Paulo VI: “Compreende-se, assim, porque a Igreja está especialmente interessada no diálogo com a arte e quer que se realize na nossa época uma nova aliança com os artistas, como o dizia o meu venerando predecessor Paulo VI no seu discurso veemente aos artistas, durante um encontro especial na Capela Sistina, a 7 de Maio de 1964. A Igreja espera dessa colaboração uma renovada ‘epifania’ de beleza para o nosso tempo e respostas adequadas às exigências próprias da comunidade cristã”. Num discurso às missões especiais, em setembro de 1978, o Papa João Paulo I também ressaltou o caráter missionário do pontificado de Paulo VI. “O que nos alegra é, aos nossos olhos, o atrativo permanente e fascinador que o Evangelho e as coisas de Deus conservam no universo em que vivemos: esse atrativo manifesta a estima e a confiança que os povos quase todos mantêm para com a Igreja e a Santa Sé. Deve acrescentar-se que a ação dos últimos Papas, em especial do nosso venerado Predecessor Paulo VI, contribuiu muito para tal irradiação internacional”, afirmou.

Gestos de Paulo VI - Tirou a tiara papal para mostrar ao mundo que a autoridade do Papa não está vinculada a um poder temporal e humano. Ele queria que fosse vendida, e a receita, dada aos pobres. A tiara foi para um museu, e o valor arrecadado foi doado a Madre Tereza de Calcutá, durante uma viagem apostólica à Índia; - Aboliu o tribunal pontifício, reformou a Cúria e prosseguiu o diálogo com os ortodoxos, inaugurado pelo Papa João XXIII; - Dizia ser um Papa indeciso. Na verdade, sua vontade era de aprofundar. Queria ouvir as diferentes vozes, aprofundar os argumentos dos outros e, então, decidir; - Percebeu que a maioria das pessoas no mundo não eram católicas, por isso a atitude da Igreja deveria ser de um diálogo respeitoso e de anúncio do amor; - Rico em espiritualidade, aguçado nas análises, genial em encontrar soluções, sensível às expectativas do povo da época.

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