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  • Sérgio Fadul / Arautos do Evangelho

São Máximo de Constantinopla


Nasceu em Constantinopla, pelo ano 580, de uma antiga nobreza e seus pais tinham poucas pessoas acima deles. Fizeram-no batizar ainda pequenino e educaram tão bem, que se tornou um dos homens mais sábios do século, Sua capacidade era tanto mais notável, quanto o cobria uma grande modéstia. O Imperador Heráclio, colocou-o contra vontade a seu serviço e o fez o primeiro de seus secretários. Mas o amor do retiro e também o início da nova heresia obrigaram-no a deixar a corte e a se encerrar no mosteiro de Crisópolis, perto de Calcedônia. Depois de aí ter praticado exatamente as regras, foi eleito abade. O temor dos bárbaros, isto é, dos persas e dos árabes, que mantinham o Oriente sempre alarmado, fê-lo passar ao Ocidente e ele se deteve na África.


Escreveu grande número de cartas, opúsculos e tratados sobre os principais artigos da fé e da piedade cristã, cinco diálogos, por muito tempo atribuídos a Santo Atanásio, os dois primeiros entre um ortodoxo e um anomeano, sobre a divindade consubstancial do Filho; o terceiro entre um ortodoxo e um macedônio, sobre a divindade do Espírito Santo, o quarto e o quinto, entre um ortodoxo e um apolinarista, sobre que o Filho de Deus realmente se fez homem, tomando uma alma racional de um corpo humano como os nossos.


Quanto à moral e à piedade cristãs, eis como lhe põe o fundo misterioso, numa carta ao Padre Talássio superior dos monges. Há três dias que atraem o homem, ou melhor, para os quais se dirige livremente: Deus, a natureza e o mundo. Cada um, atraindo-o, desliga-o, dos dois outros, transforma-o em si e o faz tornar-se por inclinação, o que ele mesmo é por natureza.


Se é Deus que o leva, ele o faz tornar-se deus por participação, concede-lhe por sua graça uma deificação sobrenatural e o desliga assim perfeitamente da natureza e do mundo.


Se é a natureza que o leva, ela mostra-o só homem da natureza, certo meio entre Deus e o mundo, que não participa voluntariamente, nem de um nem de outro.


Se é o mundo que o arrasta, faz dele um bruto, isto é, da carne somente, inspirando-lhe ambições que o afastam da natureza e de Deus e o ensina a fazer coisas contra a natureza.


Os dois extremos, isto é, deus e o mundo, desligam então um do outro, como também do meio ou da natureza. Se o meio ou a natureza somente o sobrepujam, ela afasta o homem igualmente dos dois extremos, não lhe permitindo bem se elevar até Deus, nem se abater até o mundo,


Desde que o homem se prende voluntariamente a uma dessas três coisas, sua ação muda imediatamente com ele e ele mesmo chama-se diferentemente, ou carnal, ou animal ou espiritual.


O caráter distintivo do homem carnal é só saber fazer o mal; do homem animal, não querer nem fazer o mal, sem o suportar. Do homem espiritual querer fazer só o bem e sofrer corajosamente, pela virtude, todas as espécies de males. A isso São Máximo induz o hegumeno Talássio.


Todas as suas obras de piedade e de moral tem por fim elevar assim o homem da vida carnal e brutal à vida humanamente racional e, da vida puramente humana à vida sobrenatural e divina. Esses são os setenta e um capítulos ou resumos, nos quais, sobre diversos assuntos de teologia, de filosofia, de moral, de literatura, reúne as sentenças mais notáveis da Escritura Santa, dos Padres da Igreja e mesmo dos personagens mais ilustres do paganismo. A sabedoria pagã serve-se disso, como de introdução para a sabedoria cristã. (...)


São Máximo, bem como o Papa São Martinho, foi perseguido, aprisionado, exilado e martirizado, pela fé católica, pelo imperador grego Constante II. Eis como terminaram os sofrimentos de São Máximo e de seus dois discípulos chamados ambos Anastácio dos quais um tinha sido apocrisiário ou núncio do Papa.


A 14 de Setembro de 656, depois de longo interrogatório, o cônsul Teodósio tomou São Máximo e o mandou com soldados a Selimbria. Aí ficaram dois dias, até que um dos soldados foi ao acampamento dizer a todo o exército que se insurgisse contra São Máximo. O monge que blasfema contra a Mãe de Deus vem aqui. Mas o comandante, tocado por Deus, mandou a ele os chefes das companhias, as insígnias, os padres e os diáconos. São Máximo, vendo-os, pôs-se de joelhos. Eles fizeram o mesmo; depois sentaram-se e o fizeram sentar. Então um venerável ancião disse-lhe com grande respeito: Meu pai, escandalizaram-nos, dizendo que vós não chamais de Mãe de Deus à Santa Virgem. Por isso, eu vos rogo, pela Santa Trindade, que nos digais a verdade, para que não sejamos escandalizados injustamente. São Máximo pôs-se de joelhos, ergueu0se e estendendo as mãos para o céu, disse com lágrimas: Todo aquele que não diz que Nossa Senhora, a mui santa Virgem, foi verdadeiramente Mãe de Deus, Criador do céu e da terra, seja anatematizado, pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo, e por todas as virtudes celestes, os apóstolos, os profetas, os mártires e todos os santos, agora e sempre, e em todos os séculos dos séculos, Amém.


Então os presentes disseram, chorando: "Meu Pai! Queira Deus dar-vos a força de terminar dignamente vossa carreira". Depois, falaram com palavras tão edificantes, que os soldados se reuniam em massa para os ouvir. Mas um dos guardas do general, vendo que seu número crescia sempre e que censuravam a maneira como se tratava o santo velho, mandou retirá-lo e o colocar a duas milhas do acampamento, até que o levassem a Perbére. Os clérigos do exército seguiram-no a pé por duas milhas e tendo-se despedido dele, puseram-no a cavalo com suas próprias mãos. Levaram-no a Perbére, onde o colocaram numa prisão.


Algum tempo depois, levaram-no a Constantinopla com seu discípulo, o monge Anastácio e se reuniu contra ele um concílio onde eles foram anatematizados ambos, com o Papa São Martinho, São Sofrônio de Jerusalem e todos os seus partidários, isto é, os católicos. Levaram depois o outro Anastácio, que se anatematizou também.


E o concílio, de acordo com o senado, pronunciou contra todos os três uma sentença, em que se dizia: Depois de ter levado contra vós o juízo canônico, restava que fosseis submetido à severidade das leis, por vossas impiedades, embora não haja pena proporcionada a tais crimes. Todavia, deixando ao justo juiz o maior castigo, nós vos damos a vida, dispensando-vos da exatidão das leis; e ordenamos que o prefeito, aqui presente, vos leve agora mesmo ai seu pretório. Que ele vos faça açoitar as costas com nervos de boi e cortar até à raiz, a língua, que foi instrumento de vossas blasfêmias e a mão direita que serviu para as escrever. Depois, sereis levados por doze quarteirões desta cidade e condenados ao exílio e à prisão perpétua, para lá chorar vossos pecados, o resto de vossos dias. Essa sentença foi logo executada; o prefeito levou São Máximo e os dois Anastácios, fê-los açoitar, cortar a língua a cada um deles, e a mão direita, e levou-os pela cidade de Constantinopla e os mandou ao exílio ao país dos Lazes.


Lá eles chegaram no dia 8 de Junho do ano 662 e foram imediatamente separados. Tiraram-lhes mesmo o pouco que tinham até o fio de uma agulha. Como São Máximo não se pudesse manter a cavalo, nem suportar carros comuns, foi preciso fazer uma padiola de vime para o levar, como um leito e o conduziram a uma fortaleza, chamada Schemari, perto do país dos Alanos. Os dois Anastácios foram encerrados em duas outras fortalezas, de onde poucos dias depois os tiraram e levaram o monge Anastácio a Sumas. Mas ele estava tão fraco pelos sofrimentos que suportara em Constantinopla e pelas longas fadigas da viagem, que morreu a 24 de Julho do mesmo ano, 662.


São Máximo, tendo chegado a Schemari, predisse o dia de sua morte que foi o sábado, 13 de Agosto de 662, dia em que a Igreja lhe honra a memória.


Quanto a Santo Anastácio, o apocrisiário, tendo sido separado de seu mestre e do outro Santo Anastácio, foi levado a diversas fortalezas e fizeram-no caminhar durante seis meses por todo o país dos Lazes, onde ia a pé e seminu, morrendo de fome e de frio. Enfim aquele que governava o país foi expulso e se sucessor, de nome Gregório, tratou-o melhor e o colocou num mosteiro, onde lhe dava abundantemente todas as coisas necessárias. Santo Anastácio foi visitado por Estêvão, tesoureiro da Igreja de Jerusalém que percorreu todo o país dos Lazes, dos Apsilos e dos Abasgos, publicando por toda parte a doutrina dos católicos e a heresia dos monotelitas e dissipando as calúnias espalhadas contra Santo Anastácio. Estevão morreu numa dessas excursões apostólicas, a 1° de Janeiro do ano 665, na casa do príncipe dos Abasgos.


Desse terceiro exílio, Santo Anastácio escreveu no ano seguinte a Teodósio, padre de Gangre e monge em Jerusalém, contando-lhe o que lhe tinha acontecido até então e rogando-lhe que lhe enviasse as atas do concílio reunido em Roma pelo Papa São Martinho, pois queria aproveitar o exílio para dar a conhecer a doutrina católica. Com essa carta, manda-lhe, por sua vez, passagens de Santo Hipólito, bispo de Porto, perto de Roma e mártir, para estabelecer as duas vontades e as duas operações em Jesus Cristo.


Santo Anastácio escreveu mesmo aquela carta, de uma maneira que foi tida como milagrosa. Pois, como lhe tinham cortado a mão, mandou prender na ponta do braço dois pequenos bastões, em que conservava a pena e fez do mesmo modo, muitos outros escritos.


O que era ainda mais admirável é que, embora lhe tivessem cortado a língua, até a raiz, falava claramente. Enfim, morreu na fortaleza de Thusume, ao pé do monte Cáucaso, no domingo, 11 de Outubro de 666, depois de ter feito grande número de milagres e conversões. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume, XIV, p. 395 à 397 e 403 à 407)


São Máximo de Constantinopla, rogai por nós!

MARTIROLÓGIO ROMANO

09/05


1. Comemoração de Santo Isaías, profeta, que, nos dias de Ozias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, foi enviado ao povo infiel e pecador para lhe manifestar a fidelidade e salvação do Senhor, no cumprimento da promessa feita por Deus a David. Segundo a tradição entre os Judeus, morreu mártir no tempo de Manassés.


2. Comemoração de Santo Hermas, que é mencionado pelo Apóstolo São Paulo na Epístola aos Romanos.


3. Na Tebaida, região do Egito, São Pacómio, abade, que, ainda pagão, impressionado com o testemunho da caridade dos cristãos para com os soldados detidos na tenda militar, converteu-se à vida cristã e recebeu do anacoreta Palémon o hábito monástico; sete anos depois, por inspiração divina, edificou muitos cenóbios para receber os irmãos e escreveu uma famosa Regra dos monges.

(† 347/348)


4. Na antiga Pérsia, trezentos e dez santos mártires.

(† s. IV)

5. Em Vienne, na Gália Lionense, hoje na França, São Dinis, bispo.

(† s. IV)


6. Em Cágli, junto à Via Flamínia, no Piceno, atual região das Marcas, na Itália, o passamento de São Gerôncio, bispo de Cérvia, que, segundo a tradição, neste lugar foi cruelmente assassinado quando regressava de um sínodo celebrado em Roma.

(† c. 501)


7*. Em Vandôme, junto ao rio Loire, na Gália, atualmente na França, São Beato, presbítero, que seguiu a vida eremítica.

(† s. VII)


8*. No mosteiro camaldulense de Fonte Avellana, na Úmbria, região da Itália, o Beato Forte Gabriélli, eremita.

(† 1040)


9*. Em Monticchiélli, cidade da Etrúria, também região da Itália, o Beato Benincasa de Montepulciano, religioso da Ordem dos Servos de Maria, que se retirou numa gruta do monte Amiata, no território de Sena, onde abraçou uma vida penitente.

(† 1426)


10*. Em Londres, na Inglaterra, o beato Tomás Pickering, mártir, monge da Ordem de São Bento, homem de sincera simplicidade e vida inocentíssima, que, falsamente acusado de conspiração contra o rei Carlos II, serenamente subiu ao patíbulo de Tyburn por amor de Cristo.

(† 1679)


11. Em Nam-Dinh, cidade do Tonquim, no atual Vietnam, São José Do Quang Hien, presbítero da Ordem dos Pregadores e mártir, que, encerrado no cárcere, continuou a converter os pagãos a Cristo e a confortar os cristãos na fé, até que, por decreto do imperador Thieu Tri, foi degolado.

(† 1840)


12*. Em Munique, na Baviera, região da Alemanha, a Beata Maria Teresa de Jesus (Carolina Gerhardinger), virgem, que fundou com insigne previdência a Congregação das Pobres Irmãs Escolásticas de Nossa Senhora.

(† 1879)


13*. No campo de concentração de Dachau, perto de Munique, cidade da Baviera, na Alemanha, o Beato Estêvão Grelewski, presbítero e mártir, que, durante a ocupação militar da Polónia, sua pátria, extenuado pelos cruéis tormentos infligidos no cárcere pelos perseguidores da Igreja, recebeu a gloriosa coroa do martírio.

(† 1941)

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