Santo Osvaldo de Nortúmbria
- Sérgio Fadul / Santos e Beatos Católicos
- 5 de ago. de 2022
- 6 min de leitura

Osvaldo nasceu em 604, filho de um rei pagão da região onde está hoje a Inglaterra. Com a chegada dos bárbaros, a rainha fugiu com seus filhos. Abrigados num mosteiro beneditino, todos se converteram e ali receberam sólida formação acadêmica e religiosa.
Osvaldo se destacava pelo belo porte físico, pela inteligência e pela caridade cristã. Tinha um sorriso franco, era bom e generoso, não distinguindo ricos e pobres. Era um hábil estrategista militar. Tinha como companheiro um falcão adestrado.
Com a morte do pai, Osvaldo travou uma luta contra os bárbaros e ocupou novamente o trono. Contam os registros históricos que Osvaldo rezou com seus soldados antes de iniciarem a batalha. Com a vitória, o rei mandou chamar os monges para pregarem o Evangelho no seu reino. Ele mesmo traduzia para o povo os sermões, conseguindo muitas conversões.
Construiu igrejas, mosteiros, cemitérios, hospitais, asilos e creches, distribuiu riquezas e promoveu prosperidade e caridade ao povo. A Igreja da Inglaterra deve à fé do rei Osvaldo o grande impulso para a evangelização do povo e o estabelecimento da vida monástica naquele país. REFLEXÃO
A fé em Cristo nos ajuda a enfrentar as dificuldades do caminho. Ele é o guia seguro nos momentos de decisão e a pessoa que pode nos auxiliar na hora das dores. O verdadeiro cristão sabe entregar a sua vida nas mãos de Deus e fazer a sua parte na construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
ORAÇÃO
Ó Deus, que aos vossos pastores associastes Santo Osvaldo, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo. Dai-nos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé, para participarmos de sua glória. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Celebramos hoje a memória litúrgica de SANTO OSVALDO da NORTÚMBRIA, também conhecido como Osvaldo de Bernícia, que no século VII foi um rei católico que findou seus dias quando era ainda bastante jovem, derramando seu sangue em defesa da fé...
A Nortúmbria era um antigo reino que abrangia quase a totalidade daquela que hoje conhecemos como Inglaterra, sendo a junção de dois reinos independentes: o da Bernícia, ao norte, e o de Deira, ao sul. Foi no norte, em torno do ano 604 da Era Cristã, que nasceu Osvaldo, filho do rei pagão Etelfrido de Bernícia (+616) e de Acha, princesa de Deira. Como as demais terras da atual Inglaterra encontravam-se divididas entre reinos menores, as Casas, ou famílias reais, guerreavam muito entre si, consumidas pelo desejo de poder e de riquezas, promovendo o medo e a morte, mais ou menos como podemos ver na famosa série fictícia Game of Thrones, do canal HBO.
Assim, no ano 616, o reino unificado da Nortúmbria (Bernícia e Deira), foi invadido por Edwin, irmão da princesa Acha, mãe de Osvaldo. Edwin assassinou Etelfrido em batalha, forçando Acha a refugiar-se com seus 11 filhos no reino da Escócia, pois temia o ódio do próprio irmão, que poderia matar todos os seus filhos para que no futuro eles não vingassem a morte do pai e não reclamassem o direito ao trono... Na Escócia, Acha e os filhos conheceram a fé cristã, converteram-se e foram todos batizados, sendo que as crianças foram entregues aos cuidados dos monges beneditinos do renomado mosteiro de Iona, fundado em 563 por São Columbano.
Já adolescente naquele tempo, Osvaldo era muito admirado por sua inteligência, por seu sorriso e por sua bela aparência, além de ser considerado justo e caridoso, não fazendo distinção no tratamento das pessoas. Ademais, por onde ia não podia deixar de chamar a atenção, uma vez que sobre os ombros levava sempre seu animal de estimação, um falcão que havia adestrado e lhe obedecia todos os comandos... Sua inteligência, Osvaldo havia aplicado naquilo que seria natural: no conhecimento das estratégias militares, a fim de que, um dia, quando Deus lhe desse um sinal divino de aprovação, ele pudesse destronar seu tio usurpador e ser coroado como rei legítimo da Nortúmbria, estabelecendo um reino de justiça e de paz sob a Cruz de Cristo... Este sinal divino ele obteve no ano 633, quando era já adulto: por meio de uma visão, São Columbano lhe disse que era a hora de ocupar seu lugar de direito, pois Edwin havia morrido e seu poderoso exército encontrava-se bastante fraco; porém, antes de guerrear contra as tropas do tio falecido, devia orar e instruir seus soldados na fé cristã, pois como estavam em muito menor número, somente poderiam vencer com Cristo à sua frente.
Assim Osvaldo fez, mandando erguer no campo de treinamento uma grande Cruz, diante da qual colocou-se de joelhos e pediu que seus soldados fizessem o mesmo, jurando fazerem-se batizar logo que vencessem a batalha. Todos seguiram o exemplo de Osvaldo e partiram para a guerra, ocorrida em 634, em Havenfield, a qual venceram. O trono usurpado por 17 anos por Edwin foi enfim reconquistado por seu legítimo sucessor, que mandou chamar à Nortúmbria os monges beneditinos de Iona, a fim de que estes pregassem o Evangelho ao reino e a todos batizasse na fé cristã. Osvaldo pessoalmente se encarregou de traduzir as pregações dos monges que, obviamente, não falavam a mesma língua do povo , e todo o reino converteu-se a Cristo. Pouco tempo após sua coroação, Osvaldo se casou com Cineburga, princesa do reino de Wessex (hoje também parte da Inglaterra), que era pagã e à qual converteu. E não somente à esposa: ele também conseguiu permissão do pai dela para que os monges evangelizassem Wessex, promovendo a conversão também deste reino e do próprio sogro.
Por toda a extensão de seus domínios, Osvaldo mandou construir inúmeras igrejas e mosteiros, asilos e creches para atender os mais pobres, hospitais e cemitérios, já que o costume na época era a cremação dos mortos, prática condenada pela Igreja na época. De sua parte, Osvaldo brilhava por sua humildade, por seu profundo conhecimento da Doutrina Crsitã e das Escrituras, por sua justiça e por sua caridade, promovendo a paz e a prosperidade a todos em seu reino. O povo tinha verdadeira veneração por ele, considerando-o santo ainda em vida... Apesar de poder ser considerado o homem mais poderoso de seu tempo, Osvaldo jamais permitiu que o poder lhe subisse à cabeça, pois sabia que ele dependia da fidelidade a Cristo, o verdadeiro e único Rei de toda a criação...
O próspero reino cristão da Nortúmbria, entretanto, tinha seus inimigos, sobretudo os povos pagãos que consideravam absurda aquela fé estabelecida por Osvaldo e seus monges. Deste modo, após oito anos de paz, Penda (+655), rei pagão de Mércia, colocou em marcha seu exército a fim de matar Osvaldo e destruir a nova fé dos nortúmbrios. Era o dia 05 de agosto de 642, quando Osvaldo tombou em campo de batalha, sendo assassinado não por uma razão banal, não por razões políticas nem pela mera ambição do poder, mas pela defesa do Evangelho, sob o qual havia edificado seu reino. Penda de Mércia conseguiu matar o rei católico, porém, a fé resistiu às suas investidas, apesar das ameaças, dos saques das igrejas e dos mosteiros e das incontáveis vidas que foram ceifadas por este sanguinário usurpador e inimigo da religião.
Osvaldo havia recebido aquela coroa da justiça de que fala o santo apóstolo (cf. 2Tm 4,8), após ter combatido o bom combate e ter guardado incorruptível sua fé. A Igreja não tardou em oficializar a fé do povo, inscrevendo o nome de Osvaldo da Nortúmbria no rol dos seus santos e santas. São Beda o Venerável (+735), monge beneditino e Doutor da Igreja, defendeu a tese de que Osvaldo devia ser considerado não apenas santo, mas também, e incontestavelmente, verdadeiro mártir da fé, pois foi em defesa dela que ele havia tombado na batalha de Maserfield.
Digno de nota: como Deus é providente em tudo o que faz, Edwin de Deira, que havia assassinado o cunhado e usurpado o trono da Nortúmbria, converteu-se à religião no ano 627, fez-se batizar e reinou com equidade e justiça nos últimos cinco anos de sua vida, justificando a fama de santidade que lhe tributou o povo. A festa litúrgica em honra de Santo Edwin (ou "Eduíno") é celebrada no dia 12 de outubro, quando nós brasileiros nos encontraremos festejando outro membro da realeza, aquela que é Rainha por excelência da terra e do céu, de toda a criação e dos nossos corações, a Senhora Nossa Aparecida...
Da parte de Santo Osvaldo, sobretudo neste dia dedicado a prestar-lhe singular culto, pedimos a intercessão de junto de Deus, especialmente pelos governantes das nações, pelos reis, presidentes, ministros e embaixadores, para que sejam dominados não pela ganância de poder, mas pelo senso de justiça e de verdadeira paz, da qual cremos, somente Cristo é o legítimo príncipe (cf. Is 9,6; At 5,31; Ap 1,5)...
OREMOS:
Ó Deus, que aos vossos pastores associastes Santo Osvaldo, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo, dai-nos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé, para participarmos de sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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