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  • Sérgio Fadul / Cruz Terra Santa

Santo Antão


Santo Antão é um santo Egípcio do início do cristianismo no Oriente. Nasceu na cidade de Conam, no Egito, no ano 251. Era filho de pessoas simples do campo. Seus pais professavam a fé em Jesus Cristo. Ele tinha uma irmã. Quando seus pais faleceram, ele estava com vinte anos de idade. Seguindo o curso natural da vida, ele herdou os bens da família e começou a cuidar de sua irmã. Continuou com o trabalho na roça, mantendo uma vida simples e de oração.


Mudança de vida


Embora cristão, Santo Antão ainda procurava o sentido da vida. Para ele ainda faltava um algo mais que orientasse sua vida para um sentido maior. Ele tinha sede de algo mais, de perfeição, de uma grande significado de vida. Foi então, que, ao participar de uma missa, o padre leu um trecho do evangelho que o tocou profundamente, vindo de encontro á sua sede.


O trecho era Mateus 19, 21, quando Jesus diz ao jovem rico: Se queres ser perfeito, vai vende seus bens dê aos pobres e terás um tesouro nos Céus, depois vem e segue-me. Antão sentiu que este chamado era para si. Seu coração palpitou ao sentir que Jesus o chamava para a perfeição. Coincidentemente, sua irmã se casou na mesma época. Então, ele vendeu todos os seus bens e foi morar numa caverna no deserto, vivendo uma vida de oração e sacrifícios.


A vida de Santo Antão no deserto


Porém, mesmo morando no deserto, procurando o isolamento, as pessoas descobriam seu paradeiro e iam procura-lo para pedir conselhos para os problemas da vida e pedir oração. Além disso, Santo Antão atraia discípulos que queriam viver como ele vivia. Estes passavam a morar perto dele em cavernas ou em cabanas, cada um vivendo isoladamente, mas estando perto dele. Foi o primeiro indício de comunidade monástica cristã.


O número dos discípulos, porém, foi crescendo tanto, que Santo Antão achou melhor se afastar mais ainda, para preservar seu isolamento. Por isso, ele chegou a viver mais de dezoito anos neste isolamento. Ele morava numa caverna, sob um regime muito rígido que ele mesmo se impôs. Era uma vida de oração profunda, repleta de sacrifícios e jejuns. Além disso, Santo Antão enfrentou inúmeras tentações, mas venceu a todas pelo poder da oração.


Conselheiro Santo Antão


Mesmo buscando o isolamento, buscando a vida no deserto, os padres, as autoridades, os bispos e pessoas de todo tipo buscavam ajuda espiritual e aconselhamento com Santo Antão. O Santo saiu do deserto poucas vezes. Uma das vezes que se tem registro foi em 311, quando ele foi a cidade de Alexandria no Egito. Era época da perseguição do imperador Diocleciano e ele foi defender um bispo chamado Atanásio. Sabe-se que Santo Antão voltou a Alexandria no ano 335. Dessa vez para confirmar a fé dos cristãos, que andava vacilante e confusa. Ele fez várias pregações que restauraram a fé do povo e recolocou a Igreja de Alexandria no caminho certo.


Formando comunidades


Os discípulos de Santo Antão insistiram e ele, depois de procurar a vontade de Deus, decidiu formar uma comunidade de monges. Só que esta comunidade tinha uma característica especial: cada um vivia em sua gruta ou caverna. Eles moravam perto uns dos outros e, em apenas alguns momentos de oração durante o ano se reuniam. Santo Antão tinha, então, 55 anos e representava uma forma de superior da comunidade nascente.


Santo Antão, pai dos monges


Paradoxalmente, quanto mais Santo Antão procurava se refugiar, mais as pessoas o descobriam. Sua fama de santidade se espalhou. Assim, outras pessoas, homens e mulheres, de outras localidades procuraram imitá-lo. Por isso, ele passou a ser chamado de o Pai dos Monges e o Pai dos Eremitas Cristãos.


Conta-se que até mesmo o famoso imperador Constantino, responsável pela oficialização do cristianismo no império romano, esteve várias vezes com santo Antão procurando conselho. Santo Antão enfrentou anos de tentações diabólicas e nunca cedeu. Por isso, ele é um exemplo de luta e perseverança nas tentações.


Morte de Santo Antão


O ascetismo de Santo Antão e sua vida de sacrifícios não o impediram de viver muito anos. Viver 105 anos! Ele profetizou sua morte e morreu serenamente no dia 17 de janeiro de 356. Sua morte aconteceu na cidade de Coltzum, quando, ao final de sua vida, ele estava rodeado de discípulos que rezavam por ele.


Últimas palavras de Santo Antão


Antes de morrer, Santo Antão disse a seus discípulos: Lembrai-vos dos meus ensinamentos e do meu exemplo, evitai o veneno do pecado e conservai integra a vossa fé viva na caridade como se tivesse que morrer a cada dia.


As relíquias do santo estão hoje muito bem guardadas na Igreja de Santo Antonio de Viennois na frança. Na mesma cidade estão também construídos um grande hospital e várias casas que recebem pobres e doentes. Mais tarde, essas casas vieram a se tornar a congregação dos Hospedeiros Antonianos.


Oração a Santo Antão


Senhor Deus, que permitistes mesmo na solidão de uma gruta no deserto, Santo Antão fosse perturbado pelo demônio com violentas tentações, mas lhes deste forças para vencê-las, enviai-me do Céu o vosso socorro, porque eu vivo em um ambiente minado de tentações que me agridem pelo rádio, televisão, novelas, bailes, cinema, revistas, propagandas e maus companheiros. Santo Antão, ficai sempre a meu lado, vós que vencestes o demônio, me dareis força na tentação. Na hora da tentação, socorrei-me Santo Antão. Santo Antão, eremita que nunca faltais com o vosso socorro aos que vos invocam, rogai por nós. Amém.


Rezar Creio em Deus Pai; Pai nosso; Ave Maria.



MARTIROLÓGIO ROMANO

17/01


1. Memória de Santo Antão, abade, que, tendo perdido os seus pais, distribuiu todos os seus bens pelos pobres, seguindo os preceitos evangélicos, e se retirou para a solidão da Tebaida, no Egipto, onde começou a praticar a vida ascética; colaborou com grande zelo no fortalecimento da Igreja, ajudando os confessores da fé durante a perseguição de Diocleciano, e apoiou Santo Atanásio na luta contra os arianos. Foram tantos os seus discípulos, que mereceu ser considerado pai dos monges.

(† 356)


2. Na Capadócia, na atual Turquia, os santos Espeusipo, Elasipo, Melasipo, irmãos, e sua avó, Leonila, mártires.

(† data inc.)


3. No Osroene, num território atualmente situado entre a Síria e a Turquia, a comemoração de São Julião, asceta, chamado pelos antigos Sabas, isto é, Ancião, que, embora tivesse abandonado o bulício da cidade, deixou temporariamente a sua amada solidão, para refutar tenazmente em Antioquia os sequazes da heresia ariana.

(† c. 377)


4. Em Die, na Gália Lionense, atualmente na França, São Marcelo, bispo, que, sendo defensor da cidade, foi expulso para o exílio pelo rei ariano Eurico por ter perseverado na fé católica.

(† 510)


5. Em Bourges, na Aquitânia, atualmente também na França, São Sulpício o Piedoso, bispo, que, promovido da corte régia ao episcopado, teve como maior preocupação o cuidado dos pobres.

(† 647)


6*. Na Baviera, hoje região da Alemanha, São Gamelberto, presbítero, que, para fundar o mosteiro de Metten, doou os seus bens a Utão, que ele tinha batizado.

(† c. 802)


7*. Em Fréjus, na Provença, região da França, Santa Rosalina de Villeneuve, prioresa de Celle-Roubaud, da Ordem da Cartuxa, que foi célebre pela sua abnegação, vigílias, jejum e austeridade de vida. (história após martirológio)

(† 1329)


8. Em Tocolatlán, cidade do México, São Januário Sánchez Delgadillo, presbítero e mártir durante a perseguição mexicana.

(† 1927)


SANTA ROSALINA de VILLENEUVE, religiosa francesa da Ordem Cartusiana, favorecida por Deus com dons místicos extraordinários, falecida em odor de santidade na primeira metade do século XIV...

Há muitas razões para contarmos esta nossa santa entre as mais belas “rosas” que o Senhor Deus cultivou nos jardins da Igreja: primeiro porque o nome que lhe deram os pais combinou muito adequadamente com as inúmeras virtudes que viria a cultivar em seu coração; segundo porque, com efeito, quando sua mãe estava grávida, teria sido visitada em sonho por um anjo, que lhe assegurou: “Darás à luz uma rosa sem espinhos, uma rosa cujo aroma perfumará toda a terra”; em terceiro porque Deus cuidou de ratificar a santidade de Rosalina com diversos milagres, dentre os quais o das rosas, milagre também atribuído a outras Santas, a exemplo de Isabel da Hungria (+1231), Isabel de Portugal (+1336), Rosa de Viterbo (+1251) e Paula Gambara Costa (+1515)...


Rosalina foi, de fato, como que uma rosa sem espinhos, resignada à vontade de Deus e sempre disposta a ceder a todos o seu perfume, gratuitamente. Parece-nos, pois, que ela se enquadra perfeitamente no poema de Almeida Garret (+1854), sintetizando a fragilidade, a delicadeza e a sensualidade femininas, que “seduz” as almas com sua beleza e as embriaga com seu aroma: “Para todos tens carinhos, a ninguém mostras rigor! Que rosa és tu sem espinhos? Ai, que não te entendo, flor!/ Se a borboleta vaidosa, a desdém te vai beijar, o mais que lhe fazes, rosa, é sorrir e é corar./ E quando a sonsa da abelha, tão modesta em seu zumbir, te diz: Ó rosa vermelha, bem me podes acudir:/ Deixa do cálice divino uma gota só libar. Deixa, é néctar peregrino, mel que eu não sei fabricar.../ Tu de lástima rendida, de maldita compaixão, tu à súplica atrevida, sabes tu dizer que não?/ Tanta lástima e carinhos, tanto dó, nenhum rigor! És rosa e não tens espinhos! Ai, que não te entendo, flor”...


Rosalina, a mais velha dentre seis irmãos, nasceu no dia 27 de janeiro de 1263 (ou de 1262, segundo outra fonte), no castelo de Les-Arcs-sur-Argens, no departamento de Var, Provença, no sudeste da França. Ela descendia da muito poderosa família dos Villeneuve, seu pai era o barão Arnaldo II de Arcs, marquês de Aiglesire, e sua mãe se chamava Sibilla de Burgolle, baronesa de Sabran, ambos da nobreza. Nascida em “berço de ouro”, Rosalina estava destinada às facilidades próprias de seu estado: com a idade conveniente, seria dada em casamento a um pretendente à sua altura, nobre e rico. Ela, no entanto, tendo sido instruída na religião desde a infância, suspirava por uma vida mais austera e sacrificada, mais condizente com os princípios do cristianismo. Assim, pois, quando completou os treze anos de idade, ela revelou ao pai os segredos de seu coração, declarando que não pretendia obedecer-lhe quanto ao matrimônio, uma vez que Jesus Cristo já lhe havia seduzido por inteiro, fazendo brotar em seu peito o anseio pela vida consagrada. Ademais, sua virgindade ela havia jurado a Deus. O pai, obviamente, não aceitou de imediato a decisão da filha, e se opôs às suas pretensões...


Nesse ínterim, aconteceu o “milagre das rosas”: Arnaldo, que havia ordenado aos seus servos que vigiassem os passos da filha, surpreendeu-a esvaziando a despensa de sua casa, recolhendo pães em seu avental, no intuito de distribuí-los aos famintos, pois era muitíssimo caridosa com os pobres e com os doentes. Disposto a castigá-la severamente, o pai afrontou a jovem, querendo saber o que levava escondido em suas roupas. “São apenas rosas”, respondeu Rosalina. Entretanto, Arnaldo sabia que a filha estava mentindo, pois ele mesmo cuidou de se certificar de que era ela quem estava afanando os pães de seus celeiros. Deus, porém, que “ama quem pratica a justiça, e não abandona os seus santos” (cf. Sl 37,28), cuidou de operar um milagre, mediante o qual o pai decidiu a não se colocar entre a filha e o seu Amado: quando Rosalina abriu seu avental, dele caiu um buquê de rosas, exalando o mais suave perfume... Este evento ilustra a iconografia de Rosalina, se bem que seu próprio nome também parece derivar de uma circunstância excepcional: contam-nos alguns biógrafos que quando sua mãe, Sibila de Sabran, encontrava-se grávida dela, as pessoas que se aproximavam de sua barriga sentiam um cheiro inigualável de rosas, fazendo jus ao nome que recebeu no batismo: “Roseline”, que significa “pequena rosa”...


Livre para seguir sua vocação, em 1282 Rosalina pediu para ser admitida no mosteiro das monjas “cartuxas” de Bertaud, na região dos Alpes. Sua passagem por ali foi um marco importante em sua vida, pois naquele tempo as monjas cartuxas disputavam com a diocese local a destinação do dízimo dos fiéis e dos benfeitores. Por seus bons exemplos e por sua forte influência política, Rosalina conquistou a simpatia e a proteção do príncipe regente da Provença, fazendo assim a diocese ceder e a paz ser restabelecida...


No Natal de 1280, contando apenas os dezessete – ou dezoito – anos de idade, Rosalina pronunciou os votos temporários da pobreza, da castidade e da obediência, vestindo o hábito branco das consagradas e jurando a Deus viver para sempre por Cristo, com Cristo e em Cristo. Não bastasse, ela fez ainda o “voto de estabilidade”, quer dizer, o de viver por toda sua vida naquele mesmo mosteiro, o de Bertaud. Entretanto, seu pai convenceu o mestre-geral da Ordem Cartusiana a dispensar a filha do quarto voto, e transferi-la para o mosteiro de Celle-Roubaud, que ele mesmo havia mandado construir, onde, além do mais, uma das tias da menina, chamada Joana, era abadessa...


Rosalina cumpriu a primeira etapa de seu noviciado em Saint-André-de-Ramières, na diocese de Gap, onde um novo prodígio fez aumentar ainda mais sua fama de santidade: certo dia, tendo sido incumbida de preparar o jantar, ela foi arrebatada pelo mais profundo êxtase, esquecendo-se absolutamente de tudo ao seu redor, inclusive das panelas no fogo. Deus então mandou seus anjos para ajudarem Rosalina no preparo dos alimentos, enquanto ela permanecia absorta, mergulhada nas mais divina contemplação. Certamente muitos duvidariam desta história não fosse a madre superiora sua testemunha ocular: ela, a fim de se certificar de que tudo corria bem na cozinha, foi até lá e surpreendeu os anjos terminando de preparar o jantar, quase ao mesmo tempo em que Rosalina voltou a si. A jovem noviça, dando-se conta de que muito tempo havia passado, pôs-se a pedir perdão por sua “distração”, por não haver cumprido seu dever. Emocionada, a reverenda madre então lhe mostrou as panelas, o fogo aceso e os alimentos cozidos, não por obra humana, mas por graça e bondade de Deus...


Em 1288, no mosteiro de Celle-Roubaud, Rosalina pronunciou seus votos perpétuos, quando o bispo de Fréjus lhe conferiu também o “diaconato”, em virtude do que, em algumas de suas iconografias, nossa santa é representada portando sobre os ombros uma estola e no braço esquerdo o manípulo. Observação: aqui não se trata do diaconato presbiteral, como alguns poderiam sugerir. Acontece que a emissão dos votos perpétuos das monjas cartuxas era acompanhado do rito de “consagração das virgens”, quando – a partir do século XV – lhes eram impostas a estola e o manípulo, que elas somente voltavam a usar no dia do cinquentenário de sua consagração a Deus e no dia de seu sepultamento. Rosalina, no entanto, viveu entre os séculos XIII e XIV, e é praticamente impossível que ela tenha recebido as indumentárias diaconais...


Agraciada por Deus com o dom da presciência, que consiste em conhecer os segredos dos corações, Rosalina teve de se envolver em todos os problemas administrativos, políticos e econômicos de seu tempo, da diocese, da corte e de seu mosteiro, lamentando profundamente que tantas controvérsias sempre quebravam seu silêncio e punham em risco sua oração e suas penitências. Ela, no entanto, empregou o dom que Deus lhe havia concedido na advertência dos pecadores empedernidos e na admoestação dos “mornos”, dos impalatáveis para Deus (cf. Ap 3,16)...


Agraciada com o dom das visões, certa ocasião Rosalina viu diante de si o Cristo escarnecido, que, voltando-se para ela, rogou que se unisse a Ele em seus sofrimentos, em desagravo das muitas ofensas com que era ultrajado e das heresias que eram propagadas no coração da Igreja e no mundo. Unida ao seu Amado Esposo místico, Rosalina fez-se “alter Christus” (um “outro Cristo”), oferecendo-se como vítima pelos pecadores. Ela, portanto, tornou ainda mais rígidos seus jejuns e penitências, chegando a passar até mesmo uma semana inteira sem se alimentar. Ao corpo ela impôs pesadíssimos sacrifícios, açoitando-se com a disciplina e jamais dormindo mais que três ou quatro horas por noite, passando a maior parte do tempo em meditação...


Algum tempo se passou. No ano de 1300, Joana, tia de Rosalina e abadessa do mosteiro de Celle-Roubaud, faleceu. Por ordem expressa do superior-geral da Ordem Cartusiana, Rosalina foi escolhida para sucedê-la, ainda que tenha se recusado a aceitar qualquer dignidade. A cerimônia de sua entronização como abadessa foi presidida por Jacques d'Euse, o então bispo de Fréjus, que, futuramente, seria coroado papa com o nome de “João XXII”, o primeiro “papa de Avignon”...


Por mais de vinte anos Rosalina esteve à frente de seu mosteiro de Celle-Roubaud, sempre ensinando suas subalternas a terem horror destas palavras de Cristo: “Não vos conheço. Apartai-vos de mim” (cf. Mt 7,22; Lc 13,25.27). O “segredo” para serem conhecidas por Deus – ensinava ela – era este: “Conhecer-se”... Depois, em 1325, por humildade, e considerando-se muito fraca para continuar à frente de seu mosteiro, Rosalina renunciou voluntariamente a dignidade abacial, dedicando-se às tarefas simples do quotidiano. Ela viveu assim até o dia 17 de janeiro de 1329, quando Deus chamou-a para a eternidade. Dizem que enquanto ainda agonizava, a Virgem Maria lhe teria aparecido com o Menino Jesus nos braços, juntamente com São Bruno de Colônia (+1101), fundador da Ordem Cartusiana, São Hugo de Lincoln (+1200) e São Hugo de Châteauneuf (+1132), bispo de Grenoble, formando assim seu cortejo para o céu. Suas últimas palavras foram: “Adeus! Vou ao encontro de meu Criador”...


Enquanto o corpo de Rosalina exalava um agradável odor de rosas e era velado na capela de seu mosteiro, muitos doentes – alguns deles incuráveis, a exemplo dos cegos de nascença – recuperaram a saúde depois de se recomendarem à sua intercessão. O sepultamento dos sagrados despojos, portanto, foi muitíssimo admirável, e Rosalina foi subitamente aclamada como “santa”. Tratava-se, contudo, de uma aclamação popular, sem o reconhecimento oficial da Santa Igreja. Foi então que, em 1334, o papa João XXII – que havia conhecido Rosalina pessoalmente – mandou que seu corpo fosse exumado, tendo em vista o processo de sua canonização. Na ocasião, dentre as testemunhas oculares, encontravam-se Eleazar, bispo de Digne, e Hélion de Villeneuve, irmão de Rosalina, grão-mestre da “Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém”, que atribuía sua libertação das mãos dos sarracenos às orações da irmã. Para a surpresa de todos, o corpo da venerável abadessa não se havia deteriorado, e seus olhos, que estavam entreabertos, brilhavam tanto quanto brilharam em vida. Hélion pediu então que os olhos da irmã fossem extraídos e colocados num relicário à parte, para que todos pudessem contemplar o brilho de sua alma e a grandeza de sua santidade. Quanto ao corpo incorrupto, ele foi exposto à veneração pública dos fiéis, enquanto o processo de canonização de Rosalina corria em Roma...


Em virtude da “Guerra dos Cem Anos”, que assolou a França entre os séculos XIV e XV – de 1337 a 1453 –, as monjas cartuxas se viram obrigadas a abandonar o mosteiro de Celle-Roubaud. Antes, porém, para evitar que o corpo de Rosalina fosse profanado, elas o esconderam. Consequentemente, por mais de um século a memória de Rosalina foi esquecida, e seu corpo foi considerado perdido. No século XVII, porém, os monges cartuxos reconquistaram a abadia de Celle-Roubaud, e, no ano de 1657, o então abade – que inclusive era parente de Rosalina – encontrou as relíquias escondidas na antiga cripta, graças a uma intervenção divina: a santa teria aparecido em sonho a um homem cego e lhe indicado o exato lugar em que seu corpo repousava, tendo sido, de fato, encontrado, e o cego curado de sua cegueira. A descoberta do corpo de Rosalina reacendeu no coração de muitos franceses sua devoção a ela, e seu culto foi resgatado...


O corpo de Rosalina de Villeneuve pode ser ainda hoje admirado e reverenciado pelos fiéis. Ele encontra-se “semi-incorrupto”, pois entre os anos de 1881 e 1894 o relicário de cristal que o conservava foi atacado por alguns insetos, que cuidaram de danificá-lo gravemente. Entrou em ação o doutor Pietro Neri, que procedeu a uma verdadeira restauração do corpo, unindo os ossos com uma estrutura metálica e forrando tudo com cera de abelha, dando ao corpo um aspecto de múmia natural... Também estão expostos à veneração pública os olhos da santa, que são conservados num relicário à parte. Detalhe: em 1660, o rei Luís XIV da França ficou sabendo da preservação dos olhos de Rosalina; ele, no entanto, desconfiou de que se tratasse de olhos reais, ainda mais de olhos humanos. Deste modo, recrutou seu médico pessoal, Antoine Vallot, e lhe mandou examinar as sagradas relíquias. O médico, no intuito de verificar a autenticidade dos olhos, pegou um estilete e furou o olho esquerdo da santa; o olho vazou e ficou enegrecido no mesmo momento, confirmando assim sua natureza. É devido a esta circunstância que hoje o olho esquerdo de Santa Rosalina parece “murcho”, pois foi vazado pela curiosidade humana...


Rosalina de Villeneuve nunca foi oficialmente canonizada – sua santidade foi proclamada pelo povo, como dissemos acima. O culto de que gozou, no entanto, foi formalmente autorizado para a diocese de Fréjus no ano de 1851, sendo que, em 1857, ele foi ampliado para toda a Ordem Cartusiana. Em sua bondade, Deus tem confirmado a fama de santidade de Rosalina com inúmeros milagres. Queira o Senhor que um dia o culto ininterrupto de que ela goza seja oficialmente reconhecido pela Santa Igreja! Nós, assim como seus devotos franceses, nos voltamos para seu exemplo de austeridade e de amor a Cristo, nosso Senhor, e suplicamos, particularmente hoje, sua poderosa intercessão...


OREMOS (do “Comum dos Santos e Santas” do Missal Romano): “Ó Deus, concedei-nos pelas preces de Santa Rosalina de Villeneuve, a quem destes perseverar na imitação do Cristo pobre e humilde, seguir nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho, que convosco vive e reina para sempre, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

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