Santo André Kim e companheiros mártires
O testemunho dos santos celebrados hoje (20) deve suscitar em cada um de nós a intercessão pela Igreja no continente asiático. Santo André Kim e mais 102 cristãos regaram com seu próprio sangue a semente da Igreja na Coréia do Sul, no século XIX. Martirizado aos 25 anos, Santo André Kim foi escolhido um dos intercessores da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.
A história teve início ainda no século XVII, quando um grupo de coreanos teve acesso ao livro do missionário Mateus Riccci “O verdadeiro sentido de Deus”. Yi Sung-Hun, filho do embaixador coreano na China, dirigiu-se ao bispo de Pequim, que o catequizou e batizou. Assim, por meio da ousadia do jovem leigo, o Evangelho adentrou a Coreia. Uma década depois, os cristãos já eram em número de 10 mil, apesar de sofrerem grandes perseguições e martírios.
A comunidade clamava por sacerdotes. A esse pedido, correspondeu o seminarista coreano na China, André Kim. Filho e neto de mártires, já ordenado diácono, conseguiu entrar no país para fazer ingressar, mais tarde, outros dois missionários: Pe. Antoine Daveluy e Jean Férreol. André Kim ordenou-se sacerdote, tornando-se o primeiro padre coreano.
Ao organizar a entrada de mais dois sacerdotes na Coreia, padre Kim foi preso e executado em 16 de setembro de 1846, com mais oito cristãos. Em 1866, houve perseguição ainda maior. No dia 13 de dezembro, o número de martirizados chegou a 103. Em 6 de maio de 1984, o papa João Paulo II canonizou os 103 mártires, dentre eles André Kim, dez clérigos e 92 leigos.
Confira trecho da homilia do Papa João Paulo II, realizada em março de 2001, na inauguração do Pontifício Colégio Coreano. Aqui ele se refere ao testemunho de André Kim:
“Pai Santo, guarda em Teu nome aqueles que Me deste, para que sejam um, assim como Nós” (Jo 17, 11).
Na nossa assembleia ressoaram, ricas de conforto, estas palavras de Jesus, que nos conduzem ao Cenáculo, à dramática vigília da sua morte na cruz. São palavras que continuam a ser proclamadas na Igreja ao longo dos tempos; palavras que sustentaram numerosos mártires e confessores da fé nos momentos da dificuldade e da prova.
Penso nesta tarde nos santos da amada Coreia e, entre eles, em Santo André Kim Tae-gon, escolhido por vós como padroeiro. Podemos imaginar que ele se tenha detido com frequência a meditar estas palavras do Mestre divino. No momento decisivo, encorajado pela invocação do Senhor, não hesitou em “perder” tudo (cf. Fl 3, 8) por Ele. Foi fiel até à morte. Conta-se que, enquanto aguardava a sua execução, encorajava os irmãos na fé com expressões que faziam eco de maneira impressionante da oração que Jesus dirigiu ao Pai pelos seus Discípulos. “Não vos deixeis impressionar pelas calamidades – suplicava ele -, não percais a coragem e não volteis atrás no serviço de Deus, mas antes, seguindo as pegadas dos santos, promovei a glória da sua Igreja e mostrai-vos verdadeiros soldados e súbditos de Deus. Mesmo se sois muitos, sede um só coração; recordai-vos sempre da caridade; apoiai-vos e ajudai-vos uns aos outros, e esperai pelo momento em que Deus terá piedade de vós”.
“Sede um só coração!”. Santo André Kim Tae-gon exortava os crentes a haurir da divina caridade a força para permanecer unidos e resistir ao mal. Como a comunidade primitiva, dentro da qual todos eram “um só coração e uma só alma” (Act 4, 32), também a Igreja coreana devia encontrar o segredo da própria união e do seu crescimento na adesão aos ensinamentos dos Sucessores dos Apóstolos, na oração e na fracção do pão (cf. Act 2, 42).
Santo André Kim e companheiros mártires, rogai por nós!
MARTIROLÓGIO ROMANO
20/09
1. Memória dos santos André Kim Tae-gon, presbítero, Paulo Chong Ha-sang e companheiros[1], mártires na Coreia. Neste dia veneram-se na mesma celebração todos os cento e três mártires que na Coreia deram testemunho da fé cristã, neste reino introduzida primeiro por iniciativa de alguns leigos fervorosos e depois alimentada e fortalecida pela pregação dos missionários e a celebração dos sacramentos. Todos estes atletas de Cristo – entre os quais três bispos, oito presbíteros e todos os outros leigos: homens e mulheres, casados ou não, anciãos, jovens e crianças – suportando o suplício, consagraram com o seu precioso sangue os primórdios da Igreja na Coreia. [1] São estes os seus nomes: Simeão Berneux, António Daveluy, Lourenço Imbert, bispos; Justo Ranfer de Bretenières, Luís Beaulieu, Pedro Henrique Dorie, Pedro Maubant, Tiago Chastan, Pedro Aumaître, Martinho Lucas Huin, presbíteros; João Yi Yun-il, André Chong Hwa-gyong, Estêvão Min Kuk-ka, Paulo Ho Hyob, Agostinho Pak Chonwon, Pedro Hong Pyong-ju, Paulo Hong Yong-ju, José Chang Chu-gi, Tomé Son Chason, Lucas Huwang Sok-tu, Damião Nam Myong-hyog, Francisco Ch’oe Kyong-hwan, Carlos Hyon Song-mun, Lourenço Han I-hyong, Pedro Nam Kyong-mun, Agostinho Yu Chin-gil, Pedro Yi Ho-yong, Pedro Son Son-ji, Benedita Hyong Kyong-nyon, Pedro Ch’oe Ch’ang-hub, catequistas; Águeda Yi, Maria Yi In-dog, Bárbara Yi, Maria Won Kwi-im, Teresa Kim Im-i, Columba Kim Hyo-im, Madalena Cho, Isabel Chong Chong Hye, virgens; Teresa Kim, Bárbara Kim, Susana U Sur-im, Águeda Yi Kan-nan, Madalena Pak Pong-son, Perpétua Hong Kum-ju, Catarina Yi, Cecília Yu So-sa, Bárbara Cho Chung-i, Madalena Han Yong-i, viúvas; Madalena Son So-byog, Águeda Yi Kiong-i, Águeda Kwon Chin-i, João Yi Mun-u, Bárbara Ch’oe Yong-i, Pedro Yu Chong-nyul, João Baptista Nam Chongsam, João Baptista Chon Chang-un, Pedro Ch’oe Hyong, Marcos Chong Ui-bae, Aleixo U Se-yong, António Kim Song-u, Protásio Chong Kuk-bo, Agostinho Yi Kwang-hon, Águeda Kim A-gi, Madalena Kim O-bi, Bárbara Han A-gi, Ana Pak A-gi, Águeda Yi So-sa, Luzia Pak Hui-sun, Pedro Kwon Tu-gin, José Chang Song-jib, Madalena Yi Yong-hui, Teresa Yi Mae-im, Marta Kim Song-im, Luzia Kim, Rosa Kim, Ana Kim Chang-gum, João Baptista Yi Kwang-nyol, João Pak Hu-jae, Maria Pak Kun-a-gi Hui-sun, Bárbara Kwon-hui, Bárbara Yi Chong-hui, Maria Yi Yon-hui, Inês Kim Hyo-ju, Catarina Chong Ch’or-yom, José Im Ch’i-baeg, Sebastião Nam I-gwan, Inácio Kim Che-jun, Carlos Cho Shin-ch’ol, Julieta Kim, Águeda Chon Kyong-hyob, Madalena Ho Kye-im, Luzia Kim, Pedro Yu Taech’ol, Pedro Cho Hwa-so, Pedro Yi Myong-so, Bartolomeu Chong Mun-ho, José Pedro Han Chae-kwon, Pedro Chong Wom-ji, José Cho Yun-ho, Bárbara Ko Sun-i, Madalena Yi Yong-dog. († 1839-1866)
2. Em Sínada, na Frígia, hoje Cifitkasaba, na Turquia, São Dorimedonte, mártir.
(† s. III)
3. Em Roma, a comemoração de Santo Eustáquio, mártir, cujo nome é celebrado numa antiga diaconia da cidade.
(† data inc.)
4. Em Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia, os santos mártires Hipácio, e Asiano, bispos, e André, presbítero, que, no tempo do imperador Leão o Isáurico, pela defesa das sagradas imagens, depois de cruéis e graves tormentos, foram lançados como alimento aos cães.
(† c. 740)
5*. Perto da cidade de Arco, no Trentino, região da Itália, o Beato Adelpreto, bispo, estrénuo defensor dos pobres e crianças e da liberdade da Igreja, que, surpreendido pelas ciladas dos inimigos, foi cruelmente espancado até à morte.
(† c. 1172)
6*. Em Londres, na Inglaterra, o Beato Tomás Johnson, presbítero da Cartuxa desta cidade e mártir, que, no reinado de Henrique VIII, encarcerado na prisão de Newport por causa da sua fidelidade à Igreja, foi o nono dos seus confrades que ali morreu de fome e enfermidade.
(† 1537)
7*. Em Córdova, na Espanha, o Beato Francisco de Posadas, presbítero da Ordem dos Pregadores, insigne pela sua penitência, humildade e caridade, que durante quarenta anos anunciou a Cristo nesta região.
(† 1713)
8. Na fortaleza de Son-Tay, no Tonquim, agora no Vietnam, São João Carlos Cornay, presbítero da Sociedade das Missões Estrangeiras de Paris e mártir, que, por decreto do imperador Minh Mang, depois de sofrer cruéis suplícios foi esquartejado e finalmente degolado por causa da fé cristã.
(† 1837)
9. Em Seul, na Coreia, os santos Lourenço Han I-hyong, catequista, e seis companheiros[2], mártires, que morreram por Cristo, enforcados em diversos cárceres. A sua memória celebra-se hoje, juntamente com a dos outros mártires desta região. [2] São estes os seus nomes: Pedro Nam Kyong-mun, catequista; Teresa Kim Im-i, virgem; Susana U Sur-im e Águeda Yi Kan-nan, viúvas; Catarina Chong Ch’or-yom e José Im Ch’i-nbeg, baptizado no cárcere. († 1837)
10. Em Puebla, no México, São José Maria de Yermo y Parres, presbítero, que fundou a Congregação das Servas do Coração de Jesus e dos Pobres, para socorrer os indigentes nas necessidades da alma e do corpo.
(† 1904)
11♦. Em Pozoblanco, perto de Córdova, também na Espanha, a Beata Teresa Cejudo Redondo, mãe de família, cooperadora salesiana e mártir, que, na violenta perseguição contra a Igreja, foi assassinada em ódio à vida religiosa.
(† 1936)
12♦. Em Sittard, na Holanda, a Beata María Teresa de São José (Anna Maria Tauscher van den Bosch), virgem, fundadora da Congregação das Irmãs Carmelitas do Divino Coração de Jesus.(† 1938)
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