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  • Sérgio Fadul / Cruz Terra Santa

Santa Francisca Xavier Cabrini


Origens


Francisca Cabrini nasceu no dia 15 de julho de 1850 na pequenina cidade de Santo Ângelo Lodigiano, que fica na região da Lombardia, Itália. Ela foi a penúltima entre quinze filhos. Seus pais se chamavam Antônio e Estela. Eram camponeses pobres da região. Desde pequena Francisca se enchia de entusiasmo quando lia a vida dos santos. Sua história preferida era a vida de são Francisco Xavier. Tinha tal veneração por ele que adotou seu sobrenome.


Miséria e superação


Francisca Cabrini viveu sua infância e sua adolescência em meio a tristezas, sacrifícios e dificuldades. Foi vítima da miséria que reinava na região norte da Itália. Sempre teve saúde fraca, sendo bastante franzina. Porém, mesmo estando na miséria, aprendeu a ler e desenvolveu grande capacidade intelectual. Tinha tal apreço pela leitura e gostava tanto de estudar que seus pais, com muito sacrifício, conseguiram forma-la professora.


A professora e o sonho


Mal tinha acabado de se formar, Francisca Cabrini ficou órfã. Em apenas um ano seu pai e sua mãe faleceram. Francisca começou, então, a trabalhar dando aulas e ajudando em obras de caridade muito necessárias principalmente na paróquia em que ela vivia. Ao mesmo tempo, alimentava o sonho de se tornar religiosa.


Rejeitada em dois conventos


Aos poucos, Francisca Cabrini foi alimentando a coragem e, finalmente, decidiu pedir admissão em dois conventos. Porém, em nenhum deles foi aceita por causa da sua saúde frágil e debilidade física. Por outro lado, o padre da paróquia em que ela atuava queria que ela continuasse trabalhando ali, pois sua caridade fazia grande diferença na paróquia.


Palavra surpreendente


Francisca Cabrini, embora decepcionada com os coventos, nunca abriu mão do sonho de se tornar religiosa e missionária. Ao completar trinta anos, abriu seu coração para um bispo, expondo o quanto almejava abraçar a vida religiosa e um trabalho missionário. O bispo, inspirado por Deus, a aconselhou dizendo: "Quer ser missionária? Pois se não existe ainda um instituto feminino para esse fim, funde um". Francisca acolheu essas palavras como vindas da parte de Deus e pôs mãos à obra.


Cabrinianas


Assim, com a ajuda do vigário, ela fundou o Instituto das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, em 1877. Colocou sua obra debaixo da proteção de são Francisco Xavier. Mais tarde, a Congregação recebeu o apelido carinhoso de “Irmãs Cabrinianas”, por causa do sobrenome de Santa Francisca Cabrini. E a Obra conseguiu o apoio importante do papa Leão XIII. Este, deu às Cabrinianas um rumo surpreendente para as missões: "O Ocidente, não o Oriente, como fez são Francisco Xavier".


Porque o Ocidente?


A época era de grandes migrações com destino às Américas, devido às guerras que maltratavam a Itália. Por isso, a migração era grande para as Américas. O povo chegava nos novos países com total desorientação. Tinham muita necessidade de apoio, amizade, solidariedade e, também, orientação espiritual. Por isso, Santa Francisca formou missionárias cheias de disposição e fé, como ela mesma. A missão delas era a de acompanhar os imigrantes em sua odisseia rumo ao desconhecido.


Amor concreto


Nas terras aonde as Cabrinianas chegavam, elas sempre fundavam hospitais, asilos para os necessitados e escolas para formar pessoas. Elas levavam sempre o calor humano, o amparo, a segurança e o conforto para os imigrantes. Em trinta anos de trabalho intenso, Santa Francisca Cabrini fundou sessenta e sete Casas em países como Itália, França e Américas do Norte e do Sul, inclusive no Brasil. Aquela franzina e frágil professora atravessou oceanos incontáveis vezes. Enfrentou sem medo os perigos, os políticos poderosos, as forças inimigas para defender os imigrantes.


Morte


Madre Cabrini, como era chamada por todos, faleceu na cidade de Chicago, Estados Unidos, no dia 22 de dezembro de 1917. Sua canonização foi celebrada em 1946. Desde então, passou a ser invocada e festejada no mundo inteiro como padroeira dos Imigrantes.


Oração a Santa Francisca Xavier Cabrini


“Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de Santa Francisca Xavier Cabrini, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. Santa Francisca Xavier Cabrini, rogai por nós.”


Santa Francisca Xavier Cabrini, rogai por nós!


Colaboração de imagens de Fernando Martins


MARTIROLÓGIO ROMANO

22/12


1. Comemoração de São Queremão, bispo de Nilópolis, e muitos outros mártires no Egito: alguns deles, durante a perseguição do imperador Décio, dispersos pela fuga e errantes por lugares solitários, foram devorados pelas feras; outros morreram de fome, de frio ou de inanição; outros ainda, foram exterminados pelos bárbaros e pelos salteadores; todos eles, com diversos géneros de morte, foram coroados com a mesma glória do martírio.

(† 250)


2. Comemoração de Santo Isquirião, mártir também no Egipto, que, no mesmo tempo, apesar dos opróbrios e injúrias, recusou sacrificar aos ídolos e morreu atravessado nas entranhas com uma estaca pontiaguda.

(† c. 250)


3. Em Roma, junto à Via Labicana, no cemitério «ad Duas Lauros», trinta santos mártires, que receberam todos no mesmo dia a coroa do martírio.

(† data inc.)


4. Em Rahiti, região do Egito, quarenta e três santos monges mártires, que foram mortos pelos Blémios em ódio à religião cristã.

(† c. s. IV.)


5*. Em Utrecht, na Guéldria, região da Lotaríngia, atualmente na Holanda, Santo Hungero, bispo.

(† 866)


6*. Em Londres, na Inglaterra, o Beato Tomás Holland, presbítero da Companhia de Jesus e mártir, que, no reinado de Carlos I, por exercer clandestinamente o ministério pastoral, foi condenado à morte na forca e entregou o espírito a Deus.

(† 1642)


7. Em Chicago, nos Estados Unidos da América do Norte, Santa Francisca Xavier Cabríni, virgem, que fundou o Instituto das Missionárias do Sagrado Coração de Jesus e com exímia caridade se dedicou ao cuidado dos emigrantes.

(† 1917)


8♦. Em Santander, cidade da Cantábria, no litoral da Espanha, o Beato Epifânio Gómez Álvaro, presbítero da Ordem de Santo Agostinho e mártir, que, durante a perseguição contra a fé, foi assassinado por ser religioso.

(† 1936)



9♦. Também celebramos hoje a memória litúrgica de SANTA MARIA MARGARIDA d'YOUVILLE, mãe de família que, depois que ficou viúva, se fez religiosa consagrada e fundou a “Congregação das Irmãs da Caridade de Montreal”, ela que foi canonizada pelo papa São João Paulo II no ano de 1990...


Em nossa meditação de ontem, conhecemos e celebramos Francisca Xavier Cabrini (+1917), virgem e fundadora das “Missionárias do Sagrado Coração de Jesus”, italiana de nascimento, que se naturalizou americana e que veio a se tornar a primeira santa dos Estados Unidos... Hoje também celebramos a memória de uma santa fundadora, também ela do continente americano, na verdade a primeira nativa canadense a ser elevada às honras dos altares da Igreja. No entanto, ao contrário de Francisca, Maria Margarida d'Youville foi casada e gerou de seu ventre muitos filhos – ao menos seis; depois, ao ficar viúva ainda jovem, ela se consagrou a Deus no serviço aos pobres, e viu aos poucos crescer em torno de si uma comunidade religiosa, hoje ramificada em seis congregações distintas, cujas irmãs cuidam de levar adiante seu carisma destemido e atrevido para seu tempo e para o nosso, tendo em vista que a “lei” de ontem é a mesma de hoje, é a lei do mundo: “cada um cuide de sua própria vida, e, no muito, se for possível, faça algo para ajudar os que padecem, pois isto é digno de louvor”...


Para Maria Margarida, contudo, assim como para todos os santos que veneramos, suas ambições estavam abaixo, bem abaixo das necessidades dos demais, pois uma vez que aceitou a maternidade dos pobres, esqueceu-se de si mesma para cuidá-los e promovê-los, tornando-se assim um sinal de contradição e um escândalo para o mundo...


MARIE-MARGUERITE DUFROST DE LAJEMMERAIS, como se chamou em seu batismo, nasceu no dia 15 de outubro de 1701, em Varennes, cidade do subúrbio de Montreal, na província de Quebec, no Canadá. Primeira dos seis filhos do casal Christophe Dufrost de Lajemmerais e Marie-Renée Gaultier, Maria Margarida – como a chamaremos –, ainda em sua infância teve de assumir a educação dos irmãos menores, tendo em vista que quando ela contava apenas os sete anos de idade ficou órfã de pai. Por influência do avô, Pierre Boucher, por dois anos ela estudou no colégio mantido pelas irmãs ursulinas em Quebec. Mas logo se viu obrigada a abandonar a escola para ajudar a mãe nos cuidados e no sustento de sua casa, bordando tecidos e trabalhando como costureira...


Ainda bastante jovem – contava na época os 21 anos –, Margarida se casou, no dia 12 de agosto de 1722, com o respeitável médico François d'Youville, e o jovem casal foi viver na casa da mãe dele, que cuidou de infernizar a vida da nora. Contradizendo todas as juras de amor e de fidelidade que havia feito, François logo se mostrou um homem irresponsável e desinteressado, pois grande parte de seu tempo ele passava na rua, viajando ou negociando com os índios, aos quais entregava bebidas alcoólicas em troca de peles de animais, o que era proibido pelas leis daquele tempo. Margarida se esforçava o quanto podia para ser a melhor das esposas, e acabava sempre se sujeitando ao marido, com quem, no decorrer de apenas oito anos, concebeu seis filhos... Na verdade, ela estava grávida de sua sexta criança quando François adoeceu gravemente e caiu no leito. Ela cuidou dele até o fim, até que ele veio a falecer precocemente no ano de 1730, deixando atrás de si uma montanha de dívidas...


A despeito de François não ser um bom esposo, sua morte causou um profundo dissabor no coração de Margarida, que ainda jovem teve de se responsabilizar sozinha pelos cuidados e pela educação dos filhos. Como, porém, “desgraça pouca é bobagem”, diz o ditado, em curto espaço de tempo ela viu também morrerem quatro de seus filhos, restando-lhe apenas dois, ambos meninos...


Muitos de nós, mediante tais circunstâncias, se desesperariam e se excederiam nas acusações contra Deus, como que julgando-O culpado pelos infortúnios e pelos sofrimentos desta vida – não é, afinal, exatamente o que muitas vezes fazemos? Mas Margarida, experimentada na dor e na dificuldade desde a infância, não perdeu sua confiança em Deus; muito pelo contrário, pois na certeza de que Ele não a desamparava jamais, reforçou com suas lágrimas e com obras de caridade sua fé n’Ele... Decidida a não se unir a nenhum outro homem que lhe pudesse sustentar e proteger, contrariando os padrões morais da época, Margarida abriu e administrou sozinha uma mercearia. Ela também deliberou fazer algo para que as demais pessoas, assim como ela, sentissem arder em seus corações o amor divino e tivessem a convicção de que não estavam sós. Foi quando, enquanto cuidava da instrução religiosa de seus dois filhos e chefiava sua pequena empresa, bateu-lhe à porta uma pobre mulher cega. Vendo nela Jesus Cristo, Maria Margarida acolheu-a em sua casa como se fosse uma parenta abandonada...


Com o passar do tempo, Margarida ampliou cada vez mais suas obras de caridade, chamando assim a atenção de três jovens que decidiram ajudá-la no cuidado com os pobres. Eram elas: Louise Thaumur, Catherine de Rainville e Catherine Demers. Muito perspicaz, a jovem viúva vislumbrou o nascimento de uma nova congregação religiosa, e já no dia 31 de dezembro de 1737, ela e suas companheiras juraram a Deus castidade, pobreza e obediência, ocasionando assim o nascimento das “Irmãs da Caridade de Montreal”...


Margarida logo se viu alvo da chacota de seus parentes e vizinhos, que não perderam oportunidades para a ridicularizarem mesmo em público, considerando que ela não era uma freira virgem como as outras e que seu trabalho junto aos pobres foi tido por muitos como infame. Alguns também a acusaram de dar continuidade ao comércio ilegal de peles que era mantido por seu falecido esposo, uma mentira insolente, pois exatamente o contrabando promovido por ele foi uma das mais amargas dores dos seus anos de casada...


Convencida de que Cristo a havia aceitado por esposa e de que estava fazendo a coisa certa, sem nada que lhe pesasse na consciência, Margarida suportou heroicamente todas as zombarias e humilhações, como se nada a pudesse derrubar. Mas os boatos contra ela e contra suas religiosas alcançou tamanha proporção que confundiu até mesmo o pároco local, que, desconfiado da veracidade das informações, chegou a negar às “irmãs cinzentas” – como elas foram debochadamente apelidadas – a comunhão eucarística, um dos episódios mais tristes da vida de Maria Margarida. Como se não bastasse, naquele mesmo dia, 1º de novembro de 1738, solenidade de “Todos os Santos”, muitos fiéis, dentre os quais alguns pobres que as religiosas haviam socorrido pessoalmente, atiraram-lhes pedras e expulsaram-nas da igreja sob gritos de escárnio; chamavam-nas precisamente de “surs grises”, que tanto quer dizer “irmãs cinzentas” quanto “mulheres bêbadas”, aludindo à acusação de contrabando que fizeram contra a jovem viúva...


Margarida se recordou de Cristo escarnecido e se reconfortou espiritualmente por estar sendo caluniada e agredida, pois assemelhar-se com seu amado esposo místico era justamente o que mais queria... Aos poucos, como sempre na história da humanidade, Satanás foi revelando sua face e as más línguas foram se dando conta da gravidade de seu pecado contra a fundadora e suas irmãs, e tudo foi voltando ao normal, enquanto elas, com paciência heróica, reconquistaram a simpatia de todos. Em sinal de extrema humildade, Margarida concordou que suas religiosas continuassem a ser conhecidas como “irmãs cinzentas”, inclusive para que elas jamais se esquecessem de que deviam estar sempre na esfera mais baixa da sociedade, enquanto houvesse um pobre ou necessitado na face da terra...


Mas um novo golpe feriu a alma de Margarida: a casa em que vivia com suas irmãs, localizada na rua Le Verrier, na esquina das ruas Notre-Dame e Saint-Pierre, pegou fogo, ocasião em que perdeu uma de suas primeiras companheiras, que morreu carbonizada. Esta nova cruz, a santa fundadora abraçou com dor, mas com total despojamento de si mesma, como Cristo no Getsêmani, que bebeu o cálice amarguíssimo dos pecados da humanidade (cf. Mt 26,36-46; Mc 14,32-36; Lc 22,39-44; Jo 12,27). Por conseguinte, como se fosse inabalável e até de certa forma insensível, no dia 02 de fevereiro de 1745 Margarida e suas duas companheiras ainda vivas decidiram colocar todos os seus bens em comum, constituindo assim uma autêntica congregação. Aqui convém observar que as leis canadenses proibiam a fundação de novas ordens religiosas, em virtude do que até àquela altura as “Irmãs da Caridade de Montreal” eram consideradas apenas uma associação de mulheres caridosas, mas jamais uma congregação...


Apenas dois anos depois, Margarida foi designada como diretora do “Charon Brothers Hospital”, em Montreal, que naquele tempo estava em ruínas e à beira do colapso, aquele que era o único hospital de toda a cidade. Com a coragem dos desbravadores dos mares, ela e suas sócias se lançaram naquele trabalho até então desconhecido, arregaçaram as mangas de seus hábitos e cuidaram pessoalmente dos doentes que jaziam nos leitos praticamente abandonados. Com o apoio financeiro de uns poucos colaboradores, a viúva d'Youville e suas Irmãs da Caridade não apenas restauraram o hospital, mas também o expandiram, tornando-o uma referência no atendimento dos pobres. Elas, enquanto isso, no dia 15 de junho de 1755, foram oficialmente reconhecidas como instituto religioso pelo então bispo de Quebec, monsenhor de Pontbriand. Foi quando elas vestiram o hábito com o qual passaram a ser conhecidas: um vestido cinza, obviamente, e uma simples touca preta na cabeça...


1755 e 1756 foram dois anos muito importantes para as Irmãs da Caridade de Montreal, e isto não apenas porque puderam constituir sua congregação com as devidas licenças, mas também porque naqueles anos irrompeu no Canadá uma terrível epidemia de varíola, que vitimou muitos nativos e que foi a “prova de fogo” para as religiosas. Aqueles também foram anos de guerra entre os franceses e os indígenas, que pelejavam uns contra os outros na disputa pela posse de terras. Os feridos no “Hospital Geral de Montreal”, consequentemente, não paravam de aumentar. Foi quando François Bigot, intendente da “Nova França” – como o Canadá era chamado naquela época –, se dirigiu à reverenda madre e praticamente exigiu que ela cuidasse, primordialmente, dos feridos franceses. Ela, porém, corajosamente respondeu que cuidaria de todos, independentemente da cor de sua pele, de sua origem ou credo, de ser um prisioneiro de guerra ou de um empesteado. Sem alternativas, e mesmo porque não podia obrigá-la, Bigot aceitou as condições, e Margarida pôde, assim, a partir de seu hospital, trabalhar pela unidade e pela paz entre os povos...


Uma vez mais, entretanto, o coração de Margarida foi como que atravessado por uma lança de dor: no ano de 1765 um terrível incêndio destruiu seu querido hospital, colocando na rua 96 internos, 18 crianças e 17 religiosas consagradas. Teria sido apenas um acidente ou um atentado contra a caridade? Não sabemos. O certo é que, como a Virgem Santíssima junto à cruz de seu Filho divino (cf. Jo 19,25), Margarida se manteve de pé, disposta a recomeçar sua obra do zero se fosse necessário, como foi, pois não estava disposta a abdicar do voto que havia feito a Deus, de acolher e de cuidar de quantos dela precisassem. Convém observar: àquela altura ela já contava seus 64 anos de idade, e não gozava da mesma saúde de antes nem das mesmas forças. Assim, pois, as obras de reconstrução do hospital da caridade de Montreal custaram as últimas energias físicas de Maria Margarida, que acabou sendo vitimada por exaustão e por um ataque de paralisia. Ela faleceu em Montreal, no dia 23 de dezembro de 1771, aos 70 anos de idade, mas não sem antes escrever às suas filhas seu testamento espiritual, por meio do qual recomendou: “Minhas queridas irmãs, sejam constantemente fiéis aos deveres do estado que abraçaram. Andem sempre no caminho da regularidade, da obediência e da mortificação. Mas, acima de tudo, façam com que a união mais perfeita reine entre vós”...


Digno de nota: os dois únicos filhos vivos de Margarida, Charles Dufrost e François d'Youville, se consagraram ambos a Deus como presbíteros; o primeiro se tornou pároco da Sainte-Famille, em Boucherville, e o segundo pároco de Saint-Ours... Quanto à sua mãe, a “mãe dos pobres”, como Margarida ficou conhecida, ela foi sepultada com grandes honras, e junto de seu túmulo muitos foram agraciados por Deus com curas para as doenças do corpo e da alma...


Apesar da fama de santidade da viúva d'Youville ter se espalhado à medida em que sua congregação religiosa cresceu e se ramificou, o decreto sobre a heroicidade de suas virtudes somente foi emitido no dia 03 de março de 1955, sob o Venerável papa Pio XII. Depois ela foi beatificada no dia 03 de maio de 1959, sob o papa São João XXIII, que se referiu a ela como “mãe da caridade universal”. Por fim, depois que a cura miraculosa de uma jovem acometida de leucemia mielobástica foi atribuída à sua intercessão, ela foi finalmente canonizada por São João Paulo II, no dia 09 de dezembro de 1990. O pontífice, na homilia daquele dia, declarou:


“‘Amor e Verdade se encontram, Justiça e Paz se abraçam’ (cf. Sl 85(84),11). Santa Margarida d'Youville, no Advento da Igreja, dá-nos com todos os Santos uma imagem do novo mundo onde o Amor, a Verdade, a Justiça e a Paz reinam. Disse São Pedro: ‘O que esperamos, segundo a promessa do Senhor, é um novo céu e uma nova terra onde habitará a justiça’ (cf. 2Pd 3,13). Na sua dedicação quotidiana, Margarida levou um pouco desta novidade aos mais necessitados: uma comunidade de amor onde os pequenos são respeitados porque o Senhor está perto deles, porque está presente no seu coração. Para a santa a quem honramos, é a caridade concreta de cada dia que faz triunfar a justiça segundo Deus e que revela a presença do novo mundo: ‘sua salvação está perto de quem O teme e a glória habitará a nossa terra’ (cf. Sl 85(84),9)... Há momentos, entretanto, em que a salvação parece distante. A luz de Deus, do amor que salva, está oculta pelas trevas da contradição. O trabalho de Margarida foi mais de uma vez prejudicado pela natureza ou pelos homens. Para trabalhar, para trazer este novo mundo de justiça e de amor para mais perto, era necessário travar longas e sombrias batalhas. A fundadora das ‘freiras cinzentas’ dá-nos um grande exemplo: soube dominar as suas decepções, aceitar o sofrimento como a Cruz de Cristo. Abandonada nas mãos da Providência, Margarida continuou seu caminho com esperança. A confiança nunca a deixou. Ela retomou a tarefa com todas as suas forças, com todas as suas habilidades, contra todas as aparências. Pois, no mistério secreto da prova, ela ainda soube acolher a presença do Salvador que vem da misericórdia do Deus fiel, verdadeiro Mestre da história (...); mesmo nas horas mais sombrias, ela viu a luz de Deus surgir (...). Em união com ‘Nossa Senhora da Providência’, como ela chamava a Mãe do Salvador, ela contemplava na oração o mistério da paternidade universal de Deus, compreendendo que todos os homens e mulheres são verdadeiramente irmãos e irmãs, que seu Pai celestial nunca deixaria de estar perto deles e que seu amor os chamava a uma vida ativa de serviço ao próximo (...). Agradecemos a Deus pela figura que Ele colocou diante de nossos olhos esta manhã. Sim, damos graças a Ele. Pela primeira vez na história, uma nativa canadense está inscrita para sempre entre os Santos que a Igreja elevou à glória dos altares. Esta glória terrena é apenas um reflexo da glória que lhes pertence no céu”...


As relíquias de Maria Margarida, que antes eram veneradas na casa-mãe da Congregação das Irmãs da Caridade de Montreal, foram solenemente transferidas no ano de 2010 para a capela a ela dedicada na Basílica de Santa Ana, em Varennes, sua cidade natal, no Canadá.


De Santa Maria Margarida d'Youville suplicamos, hoje particularmente , sua poderosa intercessão de junto de Cristo, não somente por seus compatriotas e pela Igreja do Canadá, mas pelas necessidades de todos em todo o mundo; como boa “mãe”, ela saberá suplicar por nós diante de Jesus, para que, como ela, sintamos continuamente a presença do Emanuel, do Deus-conosco (cf. Mt 1,23), a fim de que jamais nos desesperemos por nada...


OREMOS (tradução livre do original inglês):

“Deus de ternura e de misericórdia, que conduzistes Santa Maria Margarida d'Youville por caminhos que conduzem à cruz e desejastes que a sua caridade ajudasse os aflitos do seu tempo. Concedei-nos a ousadia que ela manifestou para mostrar sua compaixão, bem como parte de sua vitalidade para que possamos permanecer vossos servos fiéis até que nos convideis a compartilhar da alegria de todos os santos no céu. Isto vos pedimos por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, um só Deus, para todo o sempre. Amém”.

Colaboração de Fernando Martins

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