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  • Sérgio Fadul - Cruz Terra Santa

São Vicente de Paulo


São Vicente de Paulo nasceu em 24 de abril do ano 1581, em Pouy, no sul da França e foi batizado no mesmo dia. Faleceu no dia 27 de setembro de 1660, em Paris. Neste século XVII, São Vicente participou ativamente na Reforma Católica ocorrida na França.


Vicente foi o terceiro filho de Jean de Paul e Bertrande de Moras. Seus pais eram camponeses de fé firme e vigorosa. A própria mãe deu educação religiosa aos seis filhos.


São Vicente de Paulo, o Padre Vicente


Vicente se destacava pela sua inteligência e pelo zelo religioso. Começou a estudar na cidade de Dax, onde mais tarde, foi professor. Estudou teologia na Universidade de Toulouse. Sua ordenação sacerdotal, com apenas dezenove anos, foi no dia 23 de setembro de 1600. Nessa época ele passou por uma forte provação: uma senhora viúva que gostava de ouvi-lo pregar, sabendo que ele era uma pessoa pobre, deixou sua herança para ele, uma propriedade e uma quantia em dinheiro, que estava em posse de um comerciante na cidade de Marselha. O Padre Vicente vai até lá para receber esta herança com a intenção de distribui-la para os pobres.


Grande reviravolta na vida de São Vicente de Paulo


Ao retornar de Marselha, o navio em que ele viajava sofreu um ataque de piratas turcos. Pe. Vicente tornou-se prisioneiro e foi vendido em Túnis como escravo. Depois, foi vendido a outro homem que, ao morrer, o deixou como escravo herança a um sobrinho fazendeiro. Este tinha sido católico, mas, por medo da perseguição, tornara-se muçulmano.


O escravo volta à liberdade


Uma das três esposas deste fazendeiro ficou encantada com as músicas que Pe. Vicente cantava ao rezar e quis saber o significado daquilo. Ao ser evangelizada por Pe. Vicente, a mulher chamou a atenção do marido dizendo que ele não poderia ter abandonado aquela religião tão linda e séria. O patrão se arrependeu e se converteu. Meses depois, o homem foi com Padre Vicente até à França. Foram escondidos dos muçulmanos, em 1607. Chegando a Avignon encontraram o Vice-Legado do Papa e Vicente recebeu de volta suas credenciais de sacerdote. Seu ex-dono retornou à Igreja Católica, foi admitido num mosteiro e se tornou monge.


São Vicente de Paulo, um homem dos pobres


Em Roma, Pe. Vicente frequentou a universidade e se formou em Direito Canônico. Foi nomeado Capelão da Rainha Margarida de Valois, a rainha Margot, pelo rei Henrique IV. Ele fazia a distribuição das esmolas dadas aos pobres e visitava os doentes no hospital. Padre Vicente cumpria sua missão de sacerdote com tanto amor e zelo, que todos já o tinham como santo. Para o Padre Vicente, cada doente e cada pessoa, por mais miserável, era a própria pessoa de Jesus Cristo e tinha que ser tratada como tal. O Cardeal Pierre de Bérulle, Bispo de Paris, nomeou Vicente de Paulo como vigário de Clichy, um bairro da cidade.


Legado para a humanidade de São Vicente de Paulo


São Vicente fundou a Confraria do Rosário, que se dedicava a visitar e cuidar dos doentes. Por isso, ele se tornou Capelão Geral e Real da França. Depois, ele fundou a Congregação da Missão, dos Padres Lazaristas, que trabalhava para evangelizar os camponeses.


Num apelo feito pelo Pe. Vicente em Châtillon nasceu a Confraria da Caridade, conhecido também como o movimento das Senhoras da Caridade. A primeira religiosa foi uma camponesa, Ir. Margarida Nasseau, que teve orientação de Santa Luísa de Marillac. Depois, oficializou a Confraria das Irmãs da Caridade, atualmente conhecidas como Filhas da Caridade.


Organizador da caridade


Inspirado por seu amor a Deus e aos pobres, Vicente de Paulo organizou muitas obras de caridade, doando-se inteiramente aos irmãos mais necessitados. Ele é considerado o pai dos pobres e também causou muitas mudanças no clero. As Conferências Vicentinas que conhecemos na atualidade tiveram início com Antônio Frederico Ozanam e seus companheiros, no ano de 1833. Essas conferências foram inspiradas por São Vicente de Paulo, e hoje estão espalhadas pelo mundo inteiro. São Vicente estipulou regras e condutas para as visitas aos pobres e doentes, visando à discrição, ao respeito para com os necessitados sem humilhá-los em hipótese alguma, mas, sim, ao contrário, fazendo-se igual a eles.


Devoção a São Vicente de Paulo


Para São Francisco de Sales, Vicente de Paulo era o sacerdote mais santo da época. Ele faleceu e foi sepultado na capela da Igreja de São Lázaro, na cidade de Paris. Sua canonização aconteceu em junho de 1737. Em maio de 1885 o Papa Leão XIII o declara patrono das obras de caridade da Igreja Católica Apostólica Romana.


Corpo incorrupto


52 anos após a sua morte, seu corpo foi exumado e encontrado incorrupto. Foram testemunhas do fenômeno, dois médicos, autoridades da Igreja e algumas pessoas. Para os dois médicos é impossível este tipo de preservação do corpo ocorrer naturalmente. Seu corpo está exposto na Capela de São Vicente de Paulo, em Paris, aberto à visitação. Seu coração está conservado em um relicário na Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa.


Oração a São Vicente de Paulo


São Vicente, que tanto vos compadecestes dos pobres, eu vos peço, olhai para mim! Sou Pobre, mas tenho fé! Há gente mais pobre do que eu: são aqueles que não tem fé; porque esses têm a alma vazia. São Vicente, conservai minha riqueza, que é a fé; mas eu vos peço, aliviai também minha pobreza. Ajudai-me a adquirir ao menos o necessário para me alimentar bem, para me vestir honestamente e comprar os remédios que me conservam a saúde e as forças necessárias par afazer os meus trabalhos e cumprir as minhas obrigações e assim poder ser útil à minha família e a todos os que precisarem de minha ajuda. Amém.


O SIMBOLISMO


A imagem de São Vicente de Paulo retrata a grande marca deste grande santo: a caridade para com os menos favorecidos. Por causa de sua vida e obra, São Vicente de Paulo é o Patrono das obras da caridade. Francês, foi ordenado padre com apenas 19 anos. Viveu a terrível experiência de ser vendido como escravo de muçulmanos e permaneceu nesta situação por quase sete anos. Ao final, porém, converteu seus senhores, recuperou a liberdade, voltou à França e retomou suas atividades de sacerdote. A partir de então, dedicou-se aos pobres, doentes, idosos, crianças abandonadas e a todo tipo de pessoa marginalizada pela sociedade. Vamos compreender os símbolos de sua imagem.


A batina preta de São Vicente de Paulo


A batina preta de São Vicente de Paulo simboliza o sacerdócio. O sacerdócio deste grande santo teve muitos frutos:


1. São Vicente de Paulo foi um dos grandes responsáveis pela sistematização dos estudos dos seminaristas, a fim que estes chegassem a ser padres mais preparados para atender ao povo de Deus.


2. São Vicente manifestou sua vocação sacerdotal desde criança. E mesmo quando foi escravo, jamais deixou de fazer suas orações e nunca abandonou os votos sacerdotais, entendendo que, enquanto escravo, Deus lhe dava a missão de salvar seus “senhores”, o que, de fato, aconteceu.


3. Quando voltou à França, seu sacerdócio floresceu mais ainda, pois ele fundou a “Congregação das Missões e a Confraria da Caridade”, com o objetivo de evangelizar e ajudar os pobres com remédios e alimentos.


4. Outro fruto maravilhoso de seu sacerdócio é a Sociedade São Vicente de Paulo, fundada por Frederico Ozanam em 1833, para cuidar das famílias pobres, com discrição, levando alimentos, remédios e principalmente amizade e a Palavra de Deus.


O bebê no colo de São Vicente de Paulo


O bebê no colo de São Vicente de Paulo está abrigado sob o manto sacerdotal do santo. O bebê simboliza todos os incapazes, dependentes, desde os bebês até os idosos. São Vicente dedicou extrema caridade para com os incapacitados de seu tempo, atendendo-os em todas as necessidades e dando-lhes todo amor de que precisavam. O manto sacerdotal sobre o bebê significa que o sacerdócio de São Vicente de Paulo foi todo dedicado aos pequenos e aos incapacitados.


A criança ao lado de São Vicente de Paulo


A criança ao lado de São Vicente de Paulo representa os marginalizados da sociedade, porém, capazes. As obras de caridade de São Vicente de Paulo não se restringiam aos incapacitados. Para os marginalizados “capazes” ele providenciava cursos de alfabetização e profissionalização, realizando um maravilhoso trabalho de inclusão social. Desta forma ele salvou milhares de pessoas da miséria dando-lhes a dignidade do trabalho e da inclusão.


Oração a são Vicente de Paulo


“Ó São Vicente de Paulo, que olhastes fraternalmente para os pobres e miseráveis, e formastes mulheres e homens para o trabalho da evangelização dos pobres e da promoção humana, inspira-nos, pela vossa intercessão ao nosso Deus, em nossa ação missionária dentro da presente realidade. Faz com que vejamos a miséria humana em que vivem milhões de irmãs e irmãos nossos. Desperta em nossa vida o senso de paz e de justiça num mundo de tantas desigualdades sociais. Ensina-nos a humildade e a mansidão quando procuramos a grandeza e a fama a custa da exploração de nossos irmãos. Fortalece nossas ações em favor das crianças abandonadas, dos jovens desnorteados, dos idosos solitários, dos desempregados, dos sem terra e sem teto, dos que sofrem por causa do nosso egoísmo, da multidão dos marginalizados e excluídos que passam fome e que não têm nem voz e nem vez em nossa sociedade. Ajuda-nos a seguir Jesus Cristo "evangelizador dos pobres" e a deixarmos "Deus por Deus" quando servimos efetivamente nossos irmãos. Amém.“


São Vicente de Paulo, rogai por nós!



MARTIROLÓGIO ROMANO

27/09


1. Memória de São Vicente de Paulo, que, cheio de espírito sacerdotal, se entregou ao cuidado dos pobres em Paris, na França, reconhecendo em cada pessoa atribulada o rosto do seu Senhor. Fundou a Congregação da Missão e, com a colaboração de Santa Luísa de Marillac, também a Congregação das Filhas da Caridade, para configurar a Igreja à sua imagem primitiva, para formar santamente o clero e para socorrer os necessitados.

(† 1660)


2. Em Milão, na Gália Transpadana, hoje na Lombardia, região da Itália, São Caio, bispo.

(† s. III)


3. Na fortaleza de Bremur, no território dos Éduos, na Gália, atualmente na França, São Florentino, que, segundo a tradição, foi decapitado pelos Vândalos juntamente com Santo Hilário.

(† s. V)


4. No cenóbio de Liessies, no Hainaut da Austrásia, também na atual França, Santa Hiltrudes, virgem, que viveu piedosamente retirada com seu irmão Guntardo, abade.

(† d. 800)


5. Em Córdova, na Andaluzia, região da Espanha, os santos mártires Adolfo e João, irmãos, que, durante a perseguição dos Mouros, no tempo do rei ‘Abd ar-Rahman II, foram coroados com o martírio por Cristo.

(† c. 825)


6. Em Fara, próximo de Cíngoli, no Piceno, hoje nas Marcas, região da Itália, São Bonfílio, que, depois de ter sido bispo de Folinho, passou dez anos na Terra Santa e, ao regressar a Itália, se retirou no mosteiro de Stóraco, do qual tinha sido abade, morrendo finalmente na solidão.

(† c. 1115)


7. Em Paris, na França, Santo Eleázaro ou Eleázar de Sabran, conde de Ariano, que, observando a virgindade e todas as virtudes com sua esposa, a Beata Delfina, morreu na flor da idade.

(† 1323)


8*. Em Pistóia, na Etrúria, hoje na Toscana, região da Itália, o Beato Lourenço de Ripafratta, presbítero da Ordem dos Pregadores, que observou fielmente durante sessenta anos a disciplina religiosa e foi assíduo na administração sacramental da Penitência.

(† 1456)


9*. Num sórdido barco-prisão ancorado ao largo de Rochefort, no litoral da França, o Beato João Baptista Laborier du Vivier, diácono e mártir, que, em tempo de perseguição contra a Igreja, por causa do seu estado clerical foi condenado a cruel cativeiro, onde morreu consumido por grave enfermidade.

(† 1794)


10*. Em Sagunto, na Espanha, os beatos mártires José Fenollosa Alcayna, presbítero, e Fidel de Puzol (Mariano Climente Sanchis), religioso da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, que, durante o furor da perseguição religiosa, derramaram o seu sangue por Cristo.

(† 1936)


11*. Em Gilet, povoação da província de Valência, também na Espanha, as beatas mártires Francisca Xavier de Rafelbunol (Maria Fenollosa Alcayna), da Ordem Terceira das Capuchinhas da Sagrada Família, e Hermínia Martínez Amigó, mãe de família, que, na mesma perseguição religiosa, confirmaram com o seu sangue a sua fidelidade ao Senhor.

(† 1936)


12♦. Em Lloret del Mar, perto de Gerona, também na Espanha, as Madalena Fradera Ferragutcasas, Maria do Carmo Fradera Ferrabeatas gutcasas e Maria Rosa Fradera Ferragutcasas, virgens da Congregação das Missionárias do Coração de Maria e mártires, que mereceram associar-se às núpcias eternas com seu Esposo, Jesus Cristo.

(† 1936)

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