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  • Cleófas

O céu, a morte, o purgatório...

Atualizado: 26 de dez. de 2020


Na semana dos mortos, de 1 a 8 de novembro, uma das quatro opções de indulgência citadas pode ser substituída pela visita ao cemitério onde a pessoa está sepultada e rezar alguma oração por sua alma.


O que são os Novíssimos?


Nos Livros Santos chamam-se Novíssimos às coisas que sucederão ao homem no fim da vida: a morte, o juízo, o destino eterno: o céu ou o inferno. A Igreja apresenta-os de modo especial durante o mês de novembro. Através da liturgia, convidam-se os cristãos a meditar nestas realidades.


PERGUNTAS SOBRE A FÉ


1. O que há depois da morte? Deus julga cada pessoa pela sua vida?


O Catecismo da Igreja Católica ensina que «a morte põe termo à vida do homem, enquanto tempo aberto à aceitação ou à rejeição da graça divina, manifestada em Jesus Cristo» «Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através de uma purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do céu, quer para se condenar imediatamente para sempre».


Neste sentido S. João da Cruz fala do juízo particular de cada um dizendo que «ao entardecer desta vida, examinar-te-ão no amor».


Catecismo da Igreja Católica, 1021-1022


Contemplar o mistério


Tudo se conserta, menos a morte... E a morte conserta tudo.

(Sulco, 878)


Em face da morte, sereno! - É assim que te quero. - Não com o estoicismo frio do pagão; mas com o fervor do filho de Deus, que sabe que a vida é mudada, não tirada. - Morrer?... Viver! (Sulco, 876)


Não faças da morte uma tragédia!, porque não o é. Só aos filhos desamorados é que não entusiasma o encontro com seus pais.

(Sulco, 885)


O verdadeiro cristão está sempre disposto a comparecer diante de Deus. Porque, em cada instante - se luta por viver como homem de Cristo -, encontra-se preparado para cumprir o seu dever.

(Sulco, 875)


“Achei graça quando ouvi o senhor falar das "contas" que Deus lhe pedirá. Não, para vós Ele não será Juiz - no sentido austero da palavra -, mas simplesmente Jesus”. Esta frase, escrita por um Bispo santo, que consolou mais de um coração atribulado, bem pode consolar o teu.

(Caminho, 168)


2. Quem são os que vão para o céu? Como é o céu?


O céu é “o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.” S. Paulo escreve: Nem olho viu, nem ouvido ouviu, nem passou pelo pensamento do homem as coisas que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Cor 2, 9).


Depois do juízo particular, os que morrem na graça e na amizade de Deus e estão perfeitamente purificados vão para o céu. Vivem em Deus, vêem-no tal como é. Estão sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, gozam da sua felicidade, do seu Bem, da Verdade e da Beleza de Deus.


Esta vida perfeita com a Santíssima Trindade, esta comunhão de vida e de amor com Ela, com a Virgem Maria, com os anjos e com todos os bem-aventurados chama-se céu. Pela sua morte e ressurreição, Jesus Cristo «abriu-nos» o céu. Viver no céu é “estar com Cristo” (cf. Jo 14, 3; Flp 1, 23; 1 Ts 4,17). Os eleitos vivem «n'Ele»; mas n'Ele conservam, ou melhor, encontram a sua verdadeira identidade, o seu nome próprio. (cf. Ap 2, 17)


Catecismo da Igreja Católica, 1023-1026


Contemplar o mistério


Mentem os homens quando dizem “para sempre” nas coisas temporais. Só é verdade, com uma verdade total, o “para sempre” da eternidade. - E assim hás de viver tu, com uma fé que te faça sentir sabores de mel, doçuras de céu, ao pensares nessa eternidade que, essa sim, é para sempre!

(Forja, 999)


Pensa como é grato a Deus Nosso Senhor o incenso que se queima em sua honra; pensa também quão pouco valem as coisas da terra que, mal começam, já acabam... Pelo contrário, um grande Amor te espera no Céu: sem traições, sem enganos: todo o amor, toda a beleza, toda a grandeza, toda a ciência...! E sem enjoar: saciar-te-á sem saciar.

(Forja, 995)


Se transformamos os projetos temporais em metas absolutas, cancelando do horizonte a morada eterna e o fim para que fomos criados - amar e louvar o Senhor, e possuí-lo depois no Céu -, os mais brilhantes empreendimentos se tornam traições e mesmo veículo para aviltar as criaturas. Recordemos a sincera e famosa exclamação de Santo Agostinho, que havia passado por tantas amarguras enquanto desconhecia Deus e procurava fora dEle a felicidade: Criaste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em ti!

(Amigos de Deus, 208)


Na vida espiritual, muitas vezes é preciso saber perder, aos olhos da terra, para ganhar no Céu. - Assim ganha-se sempre.

(Forja, 998)


3. O que é o purgatório? É para sempre?


Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu. A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados.


Esta doutrina apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, de que já fala a Sagrada Escritura: «Por isso, [Judas Macabeu] pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas» (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos.


Catecismo da Igreja Católica, 1030-1032


Contemplar o mistério


O purgatório é uma misericórdia de Deus, para limpar os defeitos daqueles que desejam identificar-se com Ele.

(Sulco, 889)


Não queiras fazer nada para ganhar méritos, nem por medo das penas do purgatório. Empenha-te, desde agora e para sempre, em fazer tudo, até as coisas mais pequenas, para dar gosto a Jesus.

(Forja, 1041)


“Esta é a vossa hora, e o poder das trevas”. - Quer dizer que... o homem pecador tem a sua hora? - Tem, sim... E Deus, a sua eternidade!

(Caminho, 734)


4. O inferno existe?


Significa permanecer separado d'Ele - do nosso Criador - para sempre, por nossa própria livre escolha. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa pela palavra «Inferno».


Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus é escolher este fim para sempre.


A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, «o fogo eterno». A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a felicidade para que foi criado e a que aspira.


Jesus fala muitas vezes da «geena» do «fogo que não se apaga» (630) reservada aos que recusam, até ao fim da vida, acreditar e converter-se, e na qual podem perder-se, ao mesmo tempo, a alma e o corpo. A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus.


As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja a respeito do Inferno são um apelo ao sentido de responsabilidade com que o homem deve usar da sua liberdade, tendo em vista o destino eterno. Constituem, ao mesmo tempo, um apelo urgente à conversão: «Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que levam à perdição e muitos são os que seguem por eles. Que estreita é a porta e apertado o caminho que levam à vida e como são poucos aqueles que os encontram!» (Mt 7, 13-14).


Catecismo da igreja Católica, 1033-1036


Contemplar o mistério


Não esqueçais que é mais cômodo - mas é um descaminho - evitar a todo o custo o sofrimento, com a desculpa de não desgostar o próximo. Freqüentemente, esconde-se nessa inibição uma vergonhosa fuga à dor própria, já que normalmente não é agradável fazer uma advertência séria. Meus filhos, lembrai-vos de que o inferno está cheio de bocas fechadas.

(Amigos de Deus, 161)


Um discípulo de Cristo nunca raciocinará assim: “Eu procuro ser bom, e os outros, se quiserem..., que vão para o inferno”. Este comportamento não é humano, nem se coaduna com o amor de Deus, nem com a caridade que devemos ao próximo.

(Forja, 952)


Somente o inferno é castigo do pecado. A morte e o juízo não passam de conseqüências, que aqueles que vivem na graça de Deus não temem.

(Sulco, 890)


5. Quando será o juízo final? Em que consistirá?


A ressurreição de todos os mortos, «justos e pecadores» (Act 24, 15), há-de preceder o Juízo final. Será «a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a sua voz e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida, e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação» (Jo 5, 28-29). Então Cristo virá «na sua glória, com todos os seus anjos [...]. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. [...] Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna» (Mt 25, 31-33.46).


O Juízo final terá lugar quando acontecer a vinda gloriosa de Cristo. Só o Pai sabe o dia e a hora, só Ele decide sobre a sua vinda. Pelo seu Filho Jesus Cristo. Ele pronunciará então a sua palavra definitiva sobre toda a história. Nós ficaremos a saber o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais a sua providência tudo terá conduzido para o seu fim último. O Juízo final revelará como a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas pelas suas criaturas e como o seu amor é mais forte do que a morte (cf. Ct.8, 6).


A mensagem do Juízo final é um apelo à conversão, enquanto Deus dá ainda aos homens «o tempo favorável, o tempo da salvação» (2 Cor 6, 2). Ela inspira o santo temor de Deus, empenha na justiça do Reino de Deus e anuncia a «feliz esperança» (Tt 2, 13) do regresso do Senhor, que virá «para ser glorificado nos seus santos, e admirado em todos os que tiverem acreditado» (2 Ts 1, 10).


Catecismo da Igreja Católica, 1038-1041


Contemplar o mistério


Quando pensares na morte, apesar dos teus pecados, não tenhas medo... Porque Ele já sabe que O amas..., e de que massa estás feito. - Se tu O procurares, acolher-te-á como o pai ao filho pródigo: mas tens de procurá-Lo!

(Sulco, 880)


“Conheço algumas e alguns que não têm forças nem para pedir socorro”, dizes-me desgostoso e cheio de pena. - Não passes ao largo; a tua vontade de salvar-te e de salvá-los pode ser o ponto de partida da sua conversão. Além disso, se reconsideras, perceberás que também a ti te estenderam a mão.

(Sulco, 778)


O mundo, o demônio e a carne são uns aventureiros que, aproveitando-se da fraqueza do selvagem que trazes dentro de ti, querem que, em troca do fictício brilho de um prazer - que nada vale -, lhes entregues o ouro fino e as pérolas e os brilhantes e os rubis embebidos no sangue vivo e redentor do teu Deus, que são o preço e o tesouro da tua eternidade.

(Caminho, 708)


Para salvares o homem, Senhor, morres na Cruz; e, no entanto, por um só pecado mortal, condenas o homem a uma eternidade infeliz de tormentos... Quanto te ofende o pecado, e quanto não devo odiá-lo!

(Forja, 1002)


6. No final dos tempos Deus prometeu céu novo e uma nova terra. Que devemos esperar?


A esta misteriosa renovação, que há-de transformar a humanidade e o mundo, a Sagrada Escritura chama «os novos céus e a nova terra» (2 Pe 3, 13) (640). Será a realização definitiva do desígnio divino de «reunir sob a chefia de Cristo todas as coisas que há nos céus e na terra» (Ef 1, 10).


Para o homem, esta consumação será a realização final da unidade do género humano, querida por Deus desde a criação e da qual a Igreja peregrina era «como que o sacramento» (LG 1). Os que estiverem unidos a Cristo formarão a comunidade dos resgatados, a «Cidade santa de Deus» (Ap 21, 2), a «Esposa do Cordeiro» (Ap 21, 9). Esta não mais será atingida pelo pecado, pelas manchas (644), pelo amor próprio, que destroem e ferem a comunidade terrena dos homens. A visão beatífica, em que Deus Se manifestará aos eleitos de modo inesgotável, será a fonte inexaurível da felicidade, da paz e da mútua comunhão.


«Ignoramos o tempo em que a terra e a humanidade atingirão a sua plenitude, e também não sabemos como é que o universo será transformado. Porque a figura deste mundo, deformada pelo pecado, passa certamente, mas Deus ensina-nos que se prepara uma nova habitação e uma nova terra, na qual reinará a justiça e cuja felicidade satisfará e superará todos os desejos de paz que se levantam no coração dos homens (GS 39).


«A expectativa da nova terra não deve, porém, enfraquecer, mas antes ativar a solicitude em ordem a desenvolver esta terra onde cresce o corpo da nova família humana, que já consegue apresentar uma certa prefiguração do mundo futuro. Por conseguinte, embora o progresso terreno se deva cuidadosamente distinguir do crescimento do Reino de Cristo, todavia, na medida em que pode contribuir para a melhor organização da sociedade humana, interessa muito ao Reino de Deus» (DS 39).


Catecismo da Igreja Católica, 1043-1049


Contemplar o mistério


Enquanto aqui vivemos, o reino assemelha-se ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até que toda a massa ficou fermentada. Quem compreende o reino que Cristo propõe, percebe que vale a pena arriscar tudo para consegui-lo: é a pérola que o mercador adquire à custa de vender tudo o que possui, é o tesouro achado no campo. O reino dos céus é uma conquista difícil, e ninguém tem a certeza de alcançá-lo; mas o clamor humilde do homem arrependido consegue que as suas portas se abram de par em par.

(É Cristo que passa, 180)


Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a ação da graça em nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a Deus, representam já uma antecipação do céu, um começo destinado a crescer de dia para dia. Nós, os cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, em que se fundamentam e se compenetram todas as nossas ações.

(É Cristo que passa, 126)


O tempo é o nosso tesouro, o “dinheiro” para comprarmos a eternidade.

(Sulco, 882)


A visão da morte para a Igreja Católica.


Extraído do Catecismo da Igreja Católica, Artigo 12 (Creio na Vida Eterna), Capítulo Terceiro (Creio no Espírito Santo), Segunda Seção (A Profissão da Fé Cristã), Primeira Parte (A Profissão da Fé).


Para a Igreja Católica todos os seres humanos recebem uma alma imortal. Esta alma permanece viva após a morte do corpo físico. E, no momento da morte, passamos por um juízo individual: somos julgados pelas nossas atitudes em semelhança às atitudes de Cristo. Neste julgamento são vistas as nossas obras de Deus e de fé. E não apenas se cremos ou não. A fé é parte importante, mas precisa ser uma fé ativa, calcada em atitudes com base na palavra de Deus e nas atitudes de Jesus.


“Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé se ela não vier acompanhada de ações? Será que essa fé pode salvá-lo? Por exemplo, pode haver irmãos ou irmãs que precisam de roupa e que não têm nada para comer. Se vocês não lhes dão o que eles precisam para viver, não adianta nada dizer: ‘Que Deus os abençoe! Vistam agasalhos e comam bem’. Portanto, a fé é assim: se não vier acompanhada de ações, é coisa morta.

Mas alguém poderá dizer: ‘Você tem fé, e eu tenho ações.’ E eu respondo: ‘Então me mostre como é possível ter fé sem que ela seja acompanhada de ações. Eu vou lhe mostrar a minha fé por meio das minhas ações.’ Você crê que há somente um Deus? Ótimo! Os demônios também creem e tremem de medo. Seu tolo! Vou provar-lhe que a fé sem ações não vale nada. Como é que o nosso antepassado Abraão foi aceito por Deus? Foi pelo o que fez quando ofereceu o seu filho Isaque sobre o altar. Veja como a sua fé as suas ações agiram juntas. Por meio das suas ações, a sua fé se tornou completa. Assim aconteceu o que as Escrituras Sagradas dizem: ‘Abraão creu em Deus, e por isso Deus o aceitou.’ E Abraão foi chamado de ‘amigo de Deus’.

Assim, vocês veem que a pessoa é aceito por Deus por meio da suas ações e não somente pela fé.


Foi o que aconteceu com a prostituta Raabe, quando hospedou os espiões israelitas e os ajudou a sair da cidade por outro caminho. Deus a aceitou pelo o que ela fez. Portanto, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem ações está morta.” (Tiago 2, 14: 26)


Passado o juízo individual, existem três destinos: céu, inferno e purgatório. A Igreja não os define como lugares palpáveis, mas sim, estados sobrenaturais onde viveremos, cada qual, com ou sem a presença de Deus.


Céu


É a contemplação de Deus face a face: “O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus.” (1 Cor 13, 12).


No céu estão aqueles que buscaram a santidade em vida, onde estarão “admitidos na sociedade dos santos anjos”.

No céu, os eleitos vivem uma felicidade eterna e encontram sua verdadeira identidade. E, por ser um mistério, é representado por imagens como luz, paz, paraíso, etc. (CIC 1023: 1028).


Ou seja, aqueles que viveram uma vida santa terrestre, após a morte, irão viver eternamente ao lado de Deus, junto com os anjos e santos em comunhão eterna: “E reinarão para todo o sempre.” (Ap 22, 5).


Importante mencionar aqui que a Igreja não diz claramente quem está e quem não está no céu. A certeza vem da fé de que, aqueles considerados santos pela própria Igreja após a morte e aqueles que testemunhamos uma vida beata, estão vivendo no Reino de Deus.


Purgatório


Para aqueles eleitos que não viveram uma vida santa na terra, o purgatório é o momento de purificação final, pois só entram na comunhão do céu aqueles que são santos. E é interessante notar que aqueles que vivem o purgatório possuem a salvação garantida. A única ressalva é não blasfemar contra o Espírito Santo.


“Se alguém disser alguma coisa contra o Filho do Homem, será perdoado; mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem agora nem no futuro.” (Mt 12, 32).


É o local para os amigos de Deus, mas que ainda não estão prontos o suficiente para o céu. (CIC 1030: 1032)


Interessante expor que a Bíblia não fala diretamente sobre o purgatório e isso é um ponto de dúvidas entre algumas doutrinas. Contudo, conforme interpretação da passagem abaixo, percebe-se que Jesus fala sobre “pagar a multa toda”, o que significa purificar por inteiro antes de entrar no Reino de Deus.


“— Se alguém fizer uma acusação contra você e levá-la ao tribunal, entre em acordo com essa pessoa enquanto ainda é tempo, antes de chegarem lá. Porque, depois de chegarem ao tribunal, você será entregue ao juiz, o juiz o entregará ao carcereiro, e você será jogado na cadeia. Eu afirmo a você que isto é verdade: você não sairá dali enquanto não pagar a multa toda.” (Mt 5, 26:27)


Inferno


Este é o destino daqueles que atenderem duas condições:


1. Morrer em pecado mortal;

2. Recusaram a conversão em vida, ou seja, recusaram o amor de Deus por livre vontade.


“O Filho do Homem mandará os seus anjos, e eles ajuntarão e tirarão do seu Reino todos os que fazem com que os outros pequem e todos os que praticam o mal. Depois os anjos jogarão essas pessoas na fornalha de fogo, onde vão chorar e ranger os dentes de desespero.” (Mt 13, 41:42)


O Inferno também tem uma responsabilidade social para a Igreja: mostrar que devemos ter uma boa relação com o nosso livre arbítrio, manter vida de oração e boas práticas de fé. Como não sabemos quando Jesus retornará, precisamos nos manter constantes em oração e em comunhão com o Sacramento da Confissão. Assim, a consequência lógica é que a condenação é opção de cada um. Deus não nos condena. Nós mesmos nos condenamos quando escolhemos este caminho, por nosso livre arbítrio.


Juízo Final


Além dos três destinos imediatos do pós-morte, a Igreja também coloca outro aspecto de longo prazo, por assim dizer.


Jesus deixou a promessa de que retornaria e, neste dia, todos ressuscitarão dos mortos e serão separados entre justos e injustos. O dia e a hora deste dia são desconhecidos por nós e conhecidos apenas pelo Pai (primeira pessoa da Santíssima Trindade).


Este dia é denominado como o dia do Juízo Final (ou Juízo Universal), onde será revelada toda a verdade sobre a criação do universo e dos homens. Após a separação entre justos e injustos, os eleitos serão glorificados em corpo e alma e viverão eternamente com o Cristo. A terra será renovada e Jesus será o único chefe. Nesta nova terra, Deus habitará entre os homens, libertando-os do pecado e da corrupção do mesmo. Neste cenário, o Espírito Santo derramará sobre todos os justos os seus dons celestes e os homens viverão a dignidade humana, a liberdade e a humildade fraterna novamente. (CIC 1038:1050)


Ou seja, aqueles que já vivem no céu, continuarão ao lado de Jesus após o Juízo Final. Aqueles que se encontram no purgatório finalmente viverão ao lado de Jesus e de Deus na terra renovada, caso consigam a purificação necessária. E aqueles que não forem purificados ou já se encontram no inferno, serão separados. Neste último caso, não é afirmado exatamente o que acontecerá. Acredito que serão dizimados pela eternidade, visto que o pecado não existirá e reinará apenas o amor de Deus.


E para aqueles que são católicos como eu e acreditam no poder da oração, existem algumas práticas que fornecem indulgência a almas que se encontram no purgatório. Para a semana do dia 01 ao dia 08 de novembro podemos realizar algumas ações que vão a esse favor, lembrando que o dia 02/11 é reservado àoração falecidos.


Indulgência


É definida no Catecismo como:


“Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados” (§ 1498).


A indulgência, assim, está diretamente relacionada com o pecado. Este é dividido em dois tipos: graves e veniais, também chamados de eternos e temporários. Como vimos acima, morrer em pecado mortal nos leva diretamente ao estado do Inferno e, morrer em pecado venial, nos leva ao estado de purificação final, o Purgatório.


Para aqueles entes queridos que já se foram e que, em nosso coração, acreditamos estar no Purgatório, podemos utilizar o que o Catecismo no disse acima. Podemos, assim, obter a remissão dos pecados veniais desta alma e ajudá-la a ir ao encontro do Reino de Deus de maneira caridosa.


Porém, vale destacar que a indulgência também é dividida em parcial e total (plenária), conforme nos fala o professor Felipe Aquino, da Canção Nova:


“As indulgências podem ser plenárias ou parciais, se eliminam em parte ou no todo as penas que a alma deve cumprir no Purgatório. O Manual das Indulgências traz as 70 orações e meios para se ganhar essas indulgências.”


Conclusão


Neste momento do texto você pode estar se perguntando em como obter a indulgência, não é mesmo?! Então, segue abaixo algumas atitudes diárias diárias que podemos fazer para tal.


Para responder a isso, trago mais um trecho do texto do prof. Felipe Aquino que está de ótima compreensão.


“Podemos ganhar uma indulgência plenária a cada dia para nossa alma ou para a alma de algum falecido. Vale a pena destacar aqui a indulgência plenária que se pode ganhar uma vez por dia, para si mesmo ou para as almas; realizando uma das seguintes obras:


1. adoração ao Santíssimo Sacramento pelo menos por meia hora (concessão n. 3);

2. leitura espiritual da Sagrada Escritura ao menos por meia hora (concessão n. 50);

3. piedoso exercício da Via Sacra (concessão n. 63);

4. recitação do Rosário de Nossa Senhora na igreja, no oratório ou na família ou na comunidade religiosa ou em piedosa associação (concessão n. 63)”


Além disso é sempre necessário que o fiel faça a Confissão individual rejeitando todos os pecados (basta uma Confissão para várias indulgências), participe da santa Missa e da Comunhão, e reze pelo Papa ao menos um Pai-nosso e uma Ave-Maria.


Repetidas vezes os Papas têm autorizado indulgências plenárias especiais tendo em vista algumas comemorações. O Papa Francisco concedeu indulgência plenária para o Ano Santo da Misericórdia. Esta condição substituiu uma das quatro acima citadas.


Na semana dos mortos, de 1 a 8 de novembro, uma das quatro opções acima citadas pode ser substituída pela visita ao cemitério onde a pessoa está sepultada e rezar alguma oração por sua alma.”

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