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Sérgio Fadul - Filhos da Paixão

Santa Priscila e Santo Áquila



Santa Priscila e São Áquila, esposos e mártires


Duas décadas após a Ascensão de Nosso Senhor a semente do Evangelho já havia se espalhado por numerosas cidades do Império Romano.


Em Roma, alguns judeus professavam sua fé em Jesus como o Salvador. Entre eles, Áquila, um tecedor de tendas. Ele procedia de Anatólia do Norte, a atual Turquia. Sua esposa, Priscila – nome abreviado para Prisca – era romana. Segundo uma antiga tradição, o casal era aparentado com o senador Caio Mario Pudente Corneliano, que hospedava São Pedro em sua casa em Viminale. Embora não haja fontes escritas que testemunhem isto, existem pinturas de São Pedro administrando o Batismo a uma jovem chamada Prisca.


Inicialmente o Estado romano confundia os cristãos com os judeus a ponto de oferecer a eles os mesmos privilégios: livre exercício do culto e dispensa de obrigações incompatíveis com o monoteísmo, como o culto ao imperador.


No final dos anos 40 d.C. as discrepâncias dentro da comunidade judaica sobre a questão messiânica chegou ao conhecimento do imperador Tibério Cláudio César, que se mostrara benévolo com os judeus, mas que temia uma possível revolta e resolveu exilá-los de Roma por um tempo.


Forçados a deixar Roma, Áquila e Priscila foram para Corinto, a capital de Acaya, conforme relatado nos Atos dos Apóstolos.


O jovem casal teve que iniciar a vida numa cidade em que gregos, romanos, africanos e judeus conviviam. As tradições e as mentalidades mais diversas convergiam à capital: espetáculos sangrentos vindos de Roma, veneração a deuses etc. Além disso, Corinto era consagrada a deusa Afrodite. Tudo parecia impossibilitar a vida cristã. A cidade ocupava um lugar chave entre o Oriente e o Ocidente; os coríntios frequentavam as numerosas termas, teatros e os intelectuais podiam ter contato com escolas filosóficas de peso.


Esta cidade que abrira as portas a todo tipo de novidades, inclusive aos costumes mais inumanos, acolheu o casal cristão entre seus habitantes. Áquila não tardou a instalar seu próprio negócio da indústria da púrpura e do tecido.


Alguns meses depois, hospedaram um viajante que lhes pedia asilo. O hóspede vinha de Atenas abatido, após ter se dirigido a pessoas que apenas o ouviam para ter algo em que falar. São Paulo assim se recorda de sua entrada em Corinto: “me apresentei diante de vós débil e com temor e muito tremor”.


Além de o casal alojar São Paulo em seu lar, Áquila compartilhou sua oficina com São Paulo, pois este também era fabricante de tendas. Os Atos dos Apóstolos falam pouco do trabalho na oficina de Áquila. Era trabalho de grande concentração, inclusive os tecedores estavam desobrigados de se por de pé à passagem de pessoas importantes para não se distrair durante sua tarefa.


Em fins do ano 50 e inicio de 51, a oficina de São Paulo e de Áquila foi palco de um fato dos mais relevantes da História: Timóteo e Silas chegaram a Corinto para trazer notícias de Tessalônica para São Paulo.


Os cristãos daquela cidade sofriam perseguição por parte daqueles que não aceitavam o Evangelho. O Apóstolo então escreveu para eles a fim de fortalecê-los na Fé e esclarecer dúvidas em torno do destino dos mortos e da segunda vinda do Senhor: era a Primeira Carta aos Tessalonicenses e o primeiro livro do Novo Testamento.


Não só pela atuação do Apóstolo, mas também pela de Áquila e Priscila e de outros cristãos, a Igreja de Acaya chegou a ser uma das mais importantes. O Batismo foi dado, entre outros, a Crispo, chefe da sinagoga; Erasto, tesoureiro da cidade; Tercio, que mais tarde seria secretário de São Paulo; Ticio Justo, membro da colônia romana; Estéfanas, um prosélito, e sua família. Escravos e libertos, artesãos e pessoas exponenciais, foram batizadas na cidade que parecia surda às moções da graça.


No outono de 52, depois de um intenso trabalho apostólico, São Paulo deixou Corinto. “Paulo ficou muitos dias com os cristãos em Corinto. Depois se despediu deles e embarcou num navio para a província da Síria, junto com Priscila e o seu marido Áquila. Antes de embarcar em Cencréia, ele rapou a cabeça como sinal de que havia cumprido uma promessa que tinha feito a Deus”. (Atos 18:18)


Áquila e Priscila, movidos pela Fé, junto com Silas e Timóteo, acompanharam o Apóstolo na sua travessia de quase dez dias até Éfeso. A nave ancorou no porto de Palermo, e os viajantes foram de barco até Éfeso, a capital da Ásia proconsular. São Paulo pretendia continuar em direção à Síria e embora os judeus do lugar instassem para ele ficar, o Apóstolo seguiu, prometendo voltar.


Éfeso era o centro da província mais populosa da Ásia. Havia ali uma importante colônia de judeus. Apolônio – abreviado, Apolo – “homem eloquente e muito versado nas Escrituras”, natural de Alexandria do Egito, possivelmente educado na cultura aberta à verdade, pregava na sinagoga. Um dia, Áquila e Priscila ouviram sua pregação e reconheceram o esplendor de um discurso messiânico. “Ele (Santo Apolônio) começou a falar com coragem na sinagoga. Priscila e o seu marido Áquila o ouviram falar; então o levaram para a casa deles e lhe explicaram melhor o Caminho de Deus”. (Atos 18:26)


O douto homem entendeu as razões e pediu para ser batizado. Apolônio foi para Acaya e se apresentou à Igreja de Corinto e ali foi “de grande eficácia, com a graça divina, para os que haviam acreditado, pois refutava vigorosamente em público os judeus, demonstrando pelas Escrituras que Jesus é o Cristo”.


Pela carta do Apóstolo aos romanos ficamos sabendo que Priscila e Áquila retornaram a Roma: “Saudai Priscila e Áquila, meus colaboradores em Cristo Jesus, que para salvar minha vida expuseram suas cabeças. Não somente eu lhes devo gratidão, mas também todas as igrejas da gentilidade. Saudai também a Igreja que se reúne em sua casa”.


Entende-se pela carta que os esposos realizavam em sua casa este tipo de reunião que em grego se chama ekklesia, em latim ecclesia, que quer dizer convocação, assembleia, reunião. A casa de Priscila e Áquila ficava provavelmente onde atualmente se encontra a Igreja de Santa Prisca, no Aventino.


As escavações arqueológicas dos anos 1933 a 1966 descobriram dois edifícios dos séculos I e II. No do século II, encontraram um lugar de culto ao deus Mitra; na casa do século I, se reconheceu o titulus Priscae, a placa que indicava quem era o titular da casa.


Não sabemos quanto tempo Priscila e Áquila permaneceram em Roma. Até o ano 67 se encontravam em Éfeso, pois São Paulo lhes envia saudações em sua carta a Timóteo. Alguns autores falam de um novo retorno do casal a Roma, ou pelo menos o de Priscila (Prisca). Em todo caso, os dados biográficos que chegaram aos nossos dias são suficientes para motivar-nos à gratidão a estes esposos que, dóceis à vontade de Deus, como seu mestre, o Apóstolos das Gentes, iam de uma cidade a outra defendendo sua Fé.


O Martirológio Romano afirma que eles morreram na Ásia Menor, porém, segundo a tradição, foram martirizados em Roma.


Etimologia: Priscila, do latim Priscilla, diminutivo de Prisca, do latim Priscus: “antigo, velho”. Na época imperial romana, na linguagem poética, tinha um matiz de respeito e veneração.


Santa Priscila e Santo Áquila, rogai por nós!



MARTIROLÓGIO ROMANO

08/07


1. Comemoração dos santos Áquila e Prisca ou Priscila, esposos, colaboradores de São Paulo, em cuja casa recebiam a assembleia dos cristãos e por isso arriscaram a sua vida.

2. Em Heracleia, na Trácia, hoje Mármara, na Turquia, Santa Glicéria, mártir.

(† data inc.)

3. Em Cesareia da Palestina, São Procópio, bispo e mártir, que, no tempo do imperador Diocleciano, conduzido da cidade de Scitópolis a Cesareia, à primeira resposta da sua audácia, foi decapitado pelo juiz Fabiano.

(† c. 303)


4. Em Taormina, na Sicília, região da Itália, São Pancrácio, bispo e mártir, que é considerado o primeiro bispo desta Igreja.

(† data inc.)


5. Em Toul, na Gália Bélgica, hoje na França, Santo Auspício, bispo.

(† s. V)


6*. Na Renânia, região da hodierna Alemanha, São Disibodo, eremita, que, reunido com alguns companheiros, fundou um mosteiro junto ao rio Nahe.

(† s. VII)


7*. Em Bilsen, no Brabante, na atual Bélgica, Santa Landrada, abadessa.

(† 690)


8. Em Würzburg, na Austrásia, hoje na Alemanha, São Quiliano, bispo e mártir, natural da Irlanda, que chegou a esta região para pregar o Evangelho e, por observar diligentemente os costumes cristãos, foi cruelmente assassinado, assim alcançando a coroa do martírio.

(† s. VII f.)


9. Em Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia, a paixão dos santos monges Abramitas, que, no tempo do imperador Teófilo, consumaram o martírio por causa do culto das sagradas imagens.

(† s. IX)

10*. Em Spina Lambérti, na Emília-Romanha, região da Itália, o passamento de Santo Adriano III, papa, que procurou com grande diligência a reconciliação da Igreja Constantinopolitana com a Igreja Romana e, atingido por grave enfermidade, morreu santamente quando se dirigia para a Gália.

(† 885)

11*. Em Tívoli, no Lácio, região da Itália, o passamento do Beato Eugénio III, papa, que foi dileto discípulo de São Bernardo e, depois de ter governado o mosteiro dos santos Vicente e Anastásio em Acque Sálvie, foi eleito para a sede de Roma e empenhou-se intensamente para defender das insídias dos infiéis o povo romano e renovar a disciplina eclesiástica.

(† 1153)


12*. Em Shimabara, no Japão, o Beato Mâncio Araki, mártir, que, por ter recebido em sua casa o Beato Francisco Pacheco, presbítero, foi metido no cárcere, onde morreu consumido pela tuberculose.

(† 1626)


13♦. Em Rencurel, localidade do Ródano-Alpes, região da França, o Beato Pedro Vigne, presbítero, que se dedicou incansavelmente ao ministério pastoral, na pregação, no ministério de ouvir confissões, em propagar a devoção à Paixão do Senhor e à Santíssima Eucaristia, e fundou a Congregação das Irmãs do Santíssimo Sacramento.

(† 1740)


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