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  • Dominus Vobiscum / L´Osservatore Romano

O relativismo presente em nosso meio


Se você costuma navegar em sites e blogs católicos, ou é daqueles que busca notícias a respeito da Igreja Católica Apostólica Romana, provavelmente já deve ter lido algo sobre o perigo da ditadura relativismo. Porém como hoje as informações chegam num raio de segundos, pode ser que você não tenha se voltado para o assunto com a devida atenção, haja visto que o Papa Bento XVI dizia que esse é um dos maiores problemas que a nossa sociedade vive.


Portanto tentaremos explicar a você o que é o relativismo e por que ele é assim tão perigoso.


O relativismo é uma linha de pensamento que nega que possa haver uma verdade absoluta e permanente, ficando por conta de cada um definir a “sua” verdade e aquilo que lhe parece ser o seu bem. Se olharmos o mundo assim, podemos ter a falsa impressão de que tudo é relativo. Esta linha de pensamento é antiga. É celebre a frase do filósofo sofista grego Protágoras, que dizia: “A pessoa se torna a medida de todas as coisas”.


Tomemos um exemplo... Suponhamos que você diga a um amigo que uma pessoa saindo do Rio para São Paulo chegue mais rápido de avião do que de bicicleta. Sabemos que caso não haja nenhum problema durante a viagem, a pessoa que for de avião chegará muito mais rápido. O problema do relativismo é que se seu amigo for um daqueles “turrões”, que sempre quer ter razão, ele vai dizer: Depende, isso é relativo. Na minha opinião a pessoa chega mais rápido de bicicleta do que de avião. Embora você tente explicar ao relativista a verdade, ele vai preferir a verdade “dele” à “verdadeira verdade”, mesmo sabendo que você tem argumentos lógicos.


A Igreja rejeita o relativismo porque há verdades que são permanentes e imutáveis. Cristo disse: “Eu sou a Verdade” (Jo 14,6); “a verdade vos libertará” (Jo 8,32); e disse a Pilatos que veio ao mundo exatamente “para dar testemunho da verdade” (Jo 18,37). São Paulo relatou que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4) e que “ a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3, 15).


Ora, se negarmos que existe uma única verdade objetiva e perene, o Cristianismo fica destruído desde a sua raiz. O Evangelho é o dicionário da Verdade.

Um outro aspecto que se deve observar é que se existissem diversas verdades, não existiria “o bem a fazer e o mal a evitar”, pois o bem e o mal seriam relativos. Com isso a moral católica, que moldou o Ocidente, e a nossa civilização estaria completamente destruída.


Porém a grande preocupação da Igreja hoje é como este relativismo está entrando na sociedade: Através das universidades, das diversas formas de expressões artísticas (música, teatro, cinema, teledramaturgia, etc), e na imprensa de modo geral. Esta forma de relativismo tem atingido a nossa juventude com força. Expressões como “cada um na sua” são ouvidas a todo momento.


O Papa Bento XVI falou por diversas vezes sobre o perigo da “ditadura do relativismo”, que vai oprimindo quem não a aceita. Quem não estiver dentro do “politicamente correto” é anulado, desprezado, zombado com cinismo. Eles tem até termos para consolidar estas afirmações, como o etnocentrismo, pelo qual buscam a máxima que não se pode impor a verdade para pessoas de outras culturas. Uma mistura de confusões para confundir o crente e "permitir" através do que eles chamam de "liberdade", interferir na nossa fé.


Sobre isso Papa Bento XVI falou em 18 de abril de 2005 na homilia da Santa Missa preparatória do conclave que o elegeu:


“Não vos deixeis sacudir por qualquer vento de doutrina (Ef 4, 14). Quantos ventos de doutrina viemos a conhecer nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantas modalidades de pensamento! O pequeno barco do pensamento de não poucos cristãos foi freqüentemente agitado por essas ondas, lançado de um extremo para o outro: do marxismo ao liberalismo ou mesmo libertinismo; do coletivismo ao individualismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo… Todos os dias nascem novas seitas e se realiza o que diz São Paulo sobre a falsidade dos homens, sobre a astúcia que tende a atrair para o erro (cf. Ef 4, 14). O ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, é, muitas vezes, rotulado como fundamentalismo. Entrementes, o relativismo ou o deixar-se levar para cá e para lá por qualquer vento de doutrina aparece como orientação única à altura dos tempos atuais. Constitui-se assim uma ditadura do relativismo, que nada reconhece de definitivo e deixa como último critério o próprio eu e suas veleidades”.


O fato é que o relativismo derruba as normas morais válidas para todos os homens; ele é ateu; vê na religião e na moral católicas um obstáculo e um adversário, pois Deus é visto como um escravizador do homem e a moral católica destinada a tornar o homem infeliz. Ele coloca a ciência como uma deusa que vai resolver todos os problemas do homem, mas se esquece de dizer que o homem nunca foi tão infeliz como hoje; nunca houve tantos suicídios, nunca se usou tanto antidepressivo e remédios para os nervos; nunca se viu tanta decadência moral (aborto, prostituição, pornografia, prática homossexual…), destruição da família e da sociedade.

O relativismo é a desculpa para aqueles que se recusam a viver uma vida com renúncias. Sacrifício é uma palavra inútil para os relativistas.


Infelizmente, esse perigoso relativismo religioso, que tudo destrói, penetrou sorrateiramente também na Igreja, especialmente nos seminários e na teologia. Isso levou o Papa João Paulo II a alertar aos bispos na Encíclica “Veritatis Spendor”, de 1992, sobre o perigo desse relativismo que anula a moral católica. No centro da “crise”, o saudoso Pontífice viu uma grave “contestação ao patrimônio moral da Igreja”. Ele disse:


“Não se trata de contestações parciais e ocasionais, mas de uma discussão global e sistemática do patrimônio moral… Rejeita-se, assim, a doutrina tradicional sobre a lei natural, sobre a universalidade e a permanente validade dos seus preceitos; consideram-se simplesmente inaceitáveis alguns ensinamentos morais da Igreja…”


João Paulo II, revela qual é a sua causa – o homem quer ocupar o lugar de Deus:


“A Revelação ensina que não pertence ao homem o poder de decidir o bem e o mal, mas somente a Deus” (cf. Gen 2,16-17). Não é lícito que cada cristão queira fazer a fé e a moral segundo o “seu” próprio juízo do bem e do mal.


Ainda sobre o tema, vale a pena citar um trecho de uma aula do professor Felipe Aquino na TV Canção Nova em meados de fevereiro de 2009:


“É por causa desse relativismo moral que encontramos vez ou outra religiosos e sacerdotes que aceitam o divórcio, o aborto, a pílula do dia seguinte, o casamento de homossexuais, a ordenação de mulheres, a eutanásia, a inseminação artificial, a manipulação de embriões, o feminismo… e outros erros que o Magistério da Igreja condena explicita e veementemente. Esse mesmo relativismo é a razão que move os contestadores do Papa, do Vaticano, dos Bispos e da hierarquia da Igreja, como se estes tivessem usurpado o poder sagrado e não o recebido do próprio Cristo pelo Sacramento da Ordem. Esse relativismo fez surgir na Igreja a “teologia liberal” de Rudolf Bultman, que por sua vez alimentou uma teologia “da libertação”, que é “feminista”, e agora falam já de uma “teologia gay”…

A melhor forma de combater o relativismo é conhecer a doutrina da Santa Igreja Católica Apostólica Romana e a verdade ensinada por Jesus Cristo e nunca se deixar levar pelas opiniões de terceiros e nem mesmo pelas suas próprias opiniões, afinal de contas, a verdade tem um nome: Jesus Cristo!


O fenômeno dos textos falsos do Papa, um caminho de relativismo através de uma falsa aceitação


Nas décadas passadas o catolicismo, e mais em geral o cristianismo, teve que se confrontar com um fenômeno novo, o relativismo, que punha em dúvida a existência de uma verdade. Não foi fácil, mas pelo menos tratava-se de uma contraposição clara entre quem acreditava na verdade, e quem negava até mesmo a possibilidade. Hoje, a chamada pós-verdade, sua parente próxima, substituiu o relativismo, mas ela é mais difícil de contrastar por ser evasiva e infiltrada e espalhada. Depois, sobretudo porque a pós-verdade – que segundo o filósofo francês Marcel Gauchet é a filha adulterina do politicamente correto – tem a pretensão de ser uma verdade mais autêntica precisamente porque se apresenta como discurso alternativo ao oficial.

Até a Igreja, de muitos modos, está envolvida nesta espiral de falsificação que pretende ser verdade. Alguns propaladores de pós-verdade, seguindo uma praxe que certamente não é nova no mundo das comunicações, limitam-se por exemplo a difundir e enfatizar do Papa Francisco só as frases que a eles parecem estar em sintonia com a personalidade mediática que foi construída ao redor do Pontífice. Simplificando, estes silenciam tudo o que poderia parecer prova de um pensamento coerente com a tradição cristã, para acentuar ao contrário as afirmações – talvez extraindo-as do seu contexto – que se adaptam à imagem de Pontífice progressista que têm em mente e desejam corroborar a todo preço, até forçando a realidade. O seu efeito não deve ser subestimado: mesmo se hoje é muito fácil para qualquer pessoa recuperar o original das palavras do Papa, mas à prova dos factos bem poucos o fazem, porque a maioria confia cegamente nos meios de comunicação, e sobretudo nos títulos apregoados.

Mas se este processo de seleção consciente das palavras do Pontífice não se pode considerar totalmente novo – mesmo se nunca foi utilizado com tanta frequência e intensidade – está a decorrer um mecanismo informativo, típico da pós-verdade, deveras sem precedentes: a difusão de falsos discursos papais, graças principalmente aos novos meios de comunicação. Discursos que circulam frequentemente em espanhol, na tentativa de os fazer parecer mais verossímeis e que pretendem veicular as verdadeiras palavras de Francisco, cada vez mais revolucionárias e imprevisíveis do que aquelas que a Cúria, obviamente demonizada, lhe atribuiria com uma ação de censura contínua. A construção da imagem de um Papa progressista e permissivo alcança assim níveis muito mais elevados, mas no fundo repropõe unicamente, fortalecendo-o, o habitual modelo que os meios de comunicação apreciam.

Estes discursos falsos naturalmente circulam nas redes sociais e difundem-se por vias que se apresentam como particulares mas precisamente por isso parecem mais confiáveis do que a verdade proposta pelos órgãos da Santa Sé. Este tipo de deturpação da verdade faz compreender que conta pouco entender a linha programática do pontificado, ler os seus documentos fundadores e as suas medidas mais importantes. De fato, na pós-verdade só conta a personalidade do líder e por conseguinte funciona apenas o que contribui para a definir, mesmo se não corresponde à realidade. O resto não interessa.



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