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Foto do escritorSérgio Fadul / Vatican.va

Festa da Cátedra de São Pedro


Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas". Então Jesus lhes perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Simão Pedro respondeu: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo". Respondendo, Jesus lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".


Celebramos hoje a festa da Cátedra de São Pedro, ocasião mais do que especial e oportuna para rezarmos pelo Santo Padre e por todos os pastores, bispos e presbíteros, da Santa Igreja de Deus. E são as próprias leituras de hoje que nos convidam a expandir neste dia o horizonte de nossas súplicas e interceder não só pelo Papa, mas também por todos os que, através do seu ministério sacerdotal, receberam de Cristo o grave dever de cuidar das almas. Já a carta de São Pedro (cf. 1Pd5, 1-4), lida ao princípio da Liturgia da Palavra, põe sob os nossos olhos o zelo pastoral com que o primeiro Papa exortava os seus companheiros de sacerdócio a serem "pastores do rebanho de Deus". O salmo responsorial (cf. Sl 22), por sua vez, insiste no fato de que é Deus o verdadeiro e mais cuidadoso pastor, que nos apascenta e conduz por caminhos seguros. Disto se vê, pois, a importância de pedirmos ao Pai não só que tenha misericórdia de nossos sacerdotes e os ajude em seu ofício, mas também que os faça conforme o Coração Sacratíssimo de seu FIlho, Pastor eterno e fonte de todo sacerdócio. Lembremo-nos, porém, de que a santidade dos que nos apascentam depende em boa medida da nossa própria santidade; lutemos, portanto, por sermos também nós santos e dignos de receber de Deus guias e pastores que, vendo em nós um povo bem disposto, nos auxiliem em nossa conversão diária.


SOBRE A CÁTEDRA


Sentado em uma simples cadeira de carvalho, São Pedro presidia as reuniões da primitiva Igreja. Ao longo dos séculos, essa preciosa relíquia foi crescendo em valor e significado.


Nenhum transeunte parecia dar qualquer atenção àquele judeu de aspecto grave que subia com passo firme uma rua do Monte Aventino, em Roma, no ano 54 da Era Cristã.


Entretanto, poucos séculos depois, de todas as partes do mundo acorreriam a essa cidade imperadores, reis, príncipes, potentados e, sobretudo, multidões incontáveis de fiéis para oscular os pés de uma imagem de bronze desse varão até então desconhecido e quase desprezado pela Roma pagã. Pois fora a ele que o próprio Deus dissera: “Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19).


Sim, era o Apóstolo Pedro que retornava à Capital do Império para ali estabelecer o governo supremo da Santa Igreja. “Saudai Prisca e Áquila”


Provavelmente o acompanhavam alguns cristãos, entre os quais Áquila e sua esposa Prisca, batizados por ele poucos anos antes. Na Epístola aos Romanos, São Paulo faz a este casal a seguinte referência altamente elogiosa: “Saudai Prisca e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus; pela minha vida eles expuseram as suas cabeças. E isso lhes agradeço, não só eu, mas também todas as igrejas dos gentios. Saudai também a comunidade que se reúne em sua casa” (Rom 16,3-5).


Irrigada pelo sangue dos primeiros mártires, a evangelização deitava fundas raízes nas almas e se difundia rapidamente por todo o orbe. Mas não existiam ainda edifícios sagrados para a celebração do culto divino, de modo que esta se fazia em residências particulares.


Assim, Áquila e Prisca tiveram o privilégio incomparável de acolher em seu lar a comunidade cristã. Ali São Pedro pregava, instruía, celebrava a Eucaristia. Dessa modesta casa governava ele a Igreja, por toda parte florescente, apesar dos obstáculos levantados pelos inimigos da Luz.


Era uma cadeira simples, de carvalho


Tomada de enlevo e veneração pelo Príncipe dos Apóstolos, Prisca reservou para uso exclusivo dele a melhor cadeira da casa. Nela sentava-se o Santo para presidir as reuniões da comunidade.


Após a morte do Apóstolo, essa cadeira tornou-se objeto de especial veneração dos cristãos, como preciosa evocação do seu ensinamento. Passaram logo a denominá-la de “cátedra”, termo grego que designa a cadeira alta dos professores, símbolo do magistério.


Era primitivamente uma peça bem simples, de carvalho. No correr do tempo, algumas partes deterioradas foram restauradas ou reforçadas com madeira de acácia. Por fim, foi ornada com altos-relevos de marfim, representando diferentes temas profanos.


Um altar-relicário


Há testemunhos e documentos suficientes para acompanhar sua história desde fins do século II até nossos dias.

Tertuliano e São Cipriano atestam que em seu tempo (fim do séc. II e início do séc. III) essa cátedra era conservada em Roma como símbolo da Primazia dos Bispos da urbe imperial.


Por volta do século IV, colocada no batistério da Basílica de São Pedro, era exposta à veneração dos fiéis nos dias 18 de janeiro e 22 de fevereiro. Durante toda a Idade Média ela foi conservada na Basílica do Vaticano, sendo usada para a entronização do Soberano Pontífice.


Em 1657 o Papa Alexandre VII encomendou ao escultor e arquiteto Bernini um monumento para exaltar tão preciosa relíquia. Empenhando todo o seu gênio, construiu ele o magnífico Altar da Cátedra de São Pedro, considerado por muitos sua obra-prima.


Nesse altar cheio de simbolismo, o mármore da Aquitânia e o jaspe da Sicília, sobre os quais se apóia o monumento, representam a solidez e a nobreza dos fundamentos da Igreja. As quatro gigantescas estátuas que sustentam a cátedra – representando Santo Ambrósio, Santo Agostinho, Santo Atanásio e São João Crisóstomo, Padres da Igreja Latina e da Grega – recordam a universalidade da Igreja e a coerência entre o ensinamento dos teólogos e a doutrina dos Apóstolos. No centro do altar foi colocada em 1666 a cátedra de bronze dourado dentro da qual se encerra, como num relicário, a bimilenar cadeira de São Pedro.


Símbolo da Infalibilidade papal


Nos documentos eclesiásticos, a expressão Cátedra de Pedro tem o mesmo significado de Trono de São Pedro, Sólio Pontifício, Sede Apostólica. Num sentido figurativo, equipara-se ela a Papado e até mesmo a Igreja Católica.


Afirmaram os Padres do IV Concílio de Constantinopla (ano 859): “A Religião católica sempre se conservou inviolável na Sé Apostólica (…) Nós esperamos conseguir manter-nos unidos a esta Sé Apostólica sobre a qual repousa a verdadeira e perfeita solidez da Religião cristã”.


Nessa mesma época o Papa São Nicolau I pôde com inteira razão sustentar que “nos concílios não se reconheceu como válido e com força de lei senão aquilo que foi ratificado pela Sede de São Pedro, não tendo sido tomado em consideração aquilo que ela recusou”.


Em uma de suas cartas, São Bernardo usa a expressão “Santa Sé Apostólica” para se referir à pessoa do Papa e afirma que a infalibilidade é privilégio “da Sé Apostólica”.


Após a solene definição do dogma da Infalibilidade papal no Concílio Vaticano I, todos os católicos, eclesiásticos ou leigos, são unânimes em proclamar que o Papa é e sempre será isento de erro em matéria de fé e de moral, de acordo com as palavras de Jesus ao Príncipe dos Apóstolos: “Eu roguei por ti a fim de que não desfaleças; e tu, por tua vez, confirma teus irmãos” (Lc 22,32).


A Cátedra de Pedro é, o mais eloquente símbolo dessa Infalibilidade, do Papado, da pessoa do Papa e da própria Santa Igreja de Cristo. Mais ainda, pois na Exortação Apostólica Pastores Gregis, Sua Santidade João Paulo II afirma que nela se encontra “o princípio perpétuo e visível, bem como o fundamento da unidade da fé e da comunhão”.


Por este motivo, para ela se volta nossa entusiástica admiração de modo especial no dia de sua Festa litúrgica, 22 de fevereiro.



MARTIROLÓGIO ROMANO

22/02


1. Festa da Cadeira de São Pedro, Apóstolo, a quem o Senhor disse: «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja». No dia em que os Romanos costumavam honrar a memória dos seus defuntos, celebra-se o dia natal de São Pedro na Cadeira apostólica, que é venerada com o seu monumento no Vaticano e tem a missão de presidir à assembleia universal da caridade.

2. Em Hierápolis, na Frígia, na actual Turquia, São Papias, bispo, que, tendo sido ouvinte de São João o Presbítero e companheiro de São Policarpo, explicou sabiamente as palavras do Senhor.

(† s. II)


3. Em Vienne, na Gália Lionense, actualmente na França, São Pascásio, memorável pela sua sabedoria e santidade de vida.

(† s. IV)


4. Em Ravena, na Emília-Romanha, região da Itália, São Maximiano, bispo, que cumpriu fielmente o seu ministério pastoral e combateu contra os hereges pela unidade da Igreja.

(† 556)


5. Em Faenza, na Emília-Romanha, o dia natal de São Pedro Damião, cuja memória se celebra na véspera deste dia.

(† 1072)


6*. Em Longchamp, junto de Paris, na França, a Beata Isabel, virgem, que, sendo irmã do rei Luís IX, renunciou às núpcias régias e aos prazeres do mundo e fundou um convento das Irmãs Menores, com as quais serviu a Deus em humildade e pobreza.

(† 1270)


7. Em Cortona, na Etrúria, hoje na Toscana, região da Itália, Santa Margarida, que, fortemente comovida pela morte do seu amante, lavou com uma salutar vida de penitência as manchas da sua juventude e, recebida na Ordem Terceira de São Francisco, se retirou na admirável contemplação das realidades celestes e foi favorecida por Deus com carismas extraordinários.

(† 1297)


8*. Em Sendai, cidade do Japão, o Beato Diogo Carvalho, presbítero da Companhia de Jesus e mártir, que, depois de diversos ultrajes, cárceres e duras caminhadas em pleno Inverno, submetido finalmente ao suplício da água gelada, com fé inquebrantável morreu por Cristo com muitos companheiros.

(† 1624)


9*. Em Florença, na Etrúria, hoje na Toscana, região da Itália, a Beata Maria de Jesus (Emilia d’Oultremont d’Hooghvorst), que, na Bélgica, sendo mãe de quatro filhos e ficando viúva, sem de modo algum negligenciar os cuidados maternos, se dedicou à constituição e direcção da Sociedade das Irmãs de Maria Reparadora e, confiando no auxílio divino, superadas não poucas enfermidades, concluiu piedosamente a sua peregrinação terrena quando regressava à sua pátria.

(† 1879)

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