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Sérgio Fadul - Luiggi

São João de Deus


Nascer ao findar do século XV, três anos após a descoberta do "Novo mundo" significava absorver desde a primeira infância, o gosto e a ansiedade pela aventura que caracterizava o inteiro século XV.


Ainda mais nascendo no Portugal, terra de grandes navegantes; de Bartolomeu Diaz que em 1486 descobrira o "Cabo das Tempestades" e depois o "Cabo de Boa Esperança"; de Vasco de Gama que em 1497 por duas vezes faz o giro do Cabo e chega até Calcutá; de Alvares Cabral que em 1500 descobre o Brasil; de Magellano que em 1520 chega ao Grande Estreito para entrar no oceano Pacífico e circunavegar o globo.


João Cidade Duarte nasce no 1495 a Montemoro-novo. É difícil para ele poder sonhar aventuras pois o pai è somente um pequeno vendedor de fruta na rua; verdade è que o pai è conhecido como um sonhador que teria tido vontade de seguir as expedições de Vasco de Gama mas por ter mulher e filho não pode realizar seu sonho.


Não se sabe quase nada da infância de João criança, até que aos oito anos lhe acontece de encontrar um peregrino: Um viandante entrado na sua casa pedindo acolhida e entretendo os hospedeiros com a narração de suas peripécias. Ninguém soube dizer o que foi que acontecera depois, mas pela manhãzinha do dia depois os pais constatam que o peregrino tinha ido embora e o menino tinha fugido com ele: fugido ou talvez raptado. Quem sabe!


O certo é que os pais não conseguem achar seu traço. A mãe não aguenta tanta angústia por esta desventura e morre 20 dias apos o desaparecimento do menino. O pai termina seus dias em um convento de franciscanos.


Assim o pequeno viaja de pé até Madrid, junto a mendigos, saltimbancos, ilusionistas, aprendendo esta profissão.


Chegados na proximidade de Toledo, o viandante abandonou a criança, provavelmente porque prostrado demais pelo cansaço, deixando-o porém aos cuidados de um homem de bom coração: Francisco Majoral, administrador dos rebanhos do Conde de Oropesa, pessoa conhecida pelas suas virtudes e caridade.


Por seis anos João vem educado como um filho, em seguida desde os catorze anos até os vinte e oito vive como um pastor na solidão dos montes seguindo os rebanhos e contemplando a natureza. Quando afinal parece que ele esteja para iniciar uma vida normal casando com a filha do Majoral com a qual viveu como um irmão desde a infância, mais uma vez João foge.


Carlo V está recrutando tropas contra a França que se apoderara de Pamplona (aonde foi ferido o heroico defensor Inácio de Loyola e combateram do outro lado, os irmãos maiores do pequeno Francisco de Xavier).


João Cidade quer liberdade: "Aquela liberdade que desejam aqueles que se engajam na guerra, correndo a rédeas soltas na estrada ampla (embora fatigante) dos vícios"


Estamos em uma época na qual acaba a imagem do cavaleiro medieval e começa aquela do "soldado" mercenário.


Mas ao nosso aventureiro a vida militar reserva somente desgraças: certa vez o cavalo buliçoso o lança ao chão e na queda é jogado contra as rochas que ladeiam o seteiro. João ficou longamente sem sentidos parecendo morto.


Outra vez vem furtado o botim de guerra enquanto era de sentinela: vem degradado e condenado a morte; mas por intervenção de uma pessoa importante recebe a graça da vida.


Estas foram, todas duas, experiências físicas de morte e de graça que se depositaram nas profundezas da sua consciência. Voltou ao seu patrão, o Majoral "depois de uma viagem infindável de seiscentos quilômetros feitos de pé. Voltou malogrado voltando a trabalhar contra gosto, como pastor.


Passaram-se dois anos. No 1527 ouve dizer que o Sultão dos Turcos, o Solimano tem entrado na Hungria e tem posto o cerco a Viena: dentro dele renasce o desejo de lutar.


No 1532 Carlo V começa preparar uma cruzada contra os Turcos e recluta homens em todo lugar que lhe for possível.


João se engaja e recomeça viajar: O seu pelotão marcha rumo Barcelona e depois por mar, viaja para Genoa, em seguida desce rumo a lagoa do Garda aonde se concentram todas as tropas imperiais. Daí o exercito ruma a marchas forçadas para Verona, Trento Bressanone, Innsbruck e daí com os barcos descem o rio Inn, chegando depois ao Danúbio.


Assim no Setembro do 1532 as tropas de Carlo V conseguem entrar em Viena. Não houve uma verdadeira guerra mas foi afastado o perigo turco.


Após alguns meses as tropas começaram a viagem de volta pela mesma estrada da vinda, mas a companhia de João Cidade recebeu a ordem de atravessar a Alemanha, descer as Fiandras se embarcando rumo a Espanha.


Desembarcaram no porto de La Coruna, pouco longe de Santiago de Compostela, e assim antes de organizarem o retorno a casa da Companhia, foram todos a Compostela em peregrinação.


Somente agora, de repente, João decide voltar ao seu rincão que abandonara quando criança; Mais uma vez anda de pé por seiscentos quilômetros. Procura a casa dos pais, esperando encontra-los em vida.


Quando descobre o que acontecera com eles è tomado por uma dor atroz e um sentido de culpa arrasador: Sente-se responsável pela morte deles e diz: "Sou ruim e culpado, devo agora ocupar minha vida que è dom do Senhor a fazer penitência e a servi-lo"


Vai a Sevilha e por alguns meses trabalha como pastor por uma rica senhora. È inquieto, perturbado. Vai para Gibraltar e mais uma vez pensa de entrar no exército de Carlo V que está preparando uma expedição contra Tunísia. A Ceuta quer trabalhar ao serviço de um Nobre decaído mas acaba cuidando da família toda que vive na miséria, mantendo-a com o próprio trabalho. A caridade dilata o seu coração: procura o guia de um padre espiritual que o impele à leitura do Evangelho e de livros piedosos.


Volta à Espanha e mergulha horas e horas na leitura de livros de espiritualidade. Gasta todas as poupanças comprando livros para si mesmo e os outros, anda pelos lugarejos vendendo livros aos literatos e imagens aos analfabetos e às crianças.


Porém antes de vende-los lê tudo o que puder, expõe bem a vista os livros que vão pela maior, mas quando os jovens se aproximam para compra-los, os aconselha e convence a comprar aqueles espirituais. Até chega abrir uma pequena livraria.


È claro que foi ele a apreender antes de todos: dele ficaram sei longas cartas contendo numerosas citações da Bíblia e da Imitação de Cristo.


Aos quarenta e três anos ele pode afinal viver sossegado em bem estar, cuidando de sua pequena livraria em Granada.


O fato è que Deus o espera naquele janeiro de 1539, na festa de s. Sebastião , quando chegou na cidade o mais afamado pregador daquele tempo: João de Avila, o apostolo da Andaluzia. João está entre os ouvintes e ouve dizer que cada um deve "firmar-se na vontade de sofrer e até morrer antes que cometer o pecado que è o mais perigoso dos flagelos" Todos compreendem que ele se refere ao flagelo da peste que estava imperando naquela região.


Àquela comparação, o nosso "vendedor de livros" vem assaltado por um incontrolável arrependimento: passam-lhe diante dos olhos imagens, lembranças de uma vida desordenada, os pecados cometidos desde os anos de sua juventude, e do meio do povo se põe a gritar: "Misericórdia, meu Deus misericórdia!" Parece enlouquecido: joga-se ao chão, bate a cabeça nas pedras, se arranca a barba. Corre à sua livraria com as crianças correndo atrás dele gritando-lhe: "louco, maluco!"


Dá o seu dinheiro a quem quiser, distribui livros sagrados e objetos de piedade despedaça com as mãos e os dentes as obras profanas, distribui até suas roupas.


Correndo vai a encontrar João de Avila e faz uma longa confissão, logo depois vai à praça onde ha um grande lodaçal joga-se dentro enlameando-se todo e começa a confessar publicamente os seus pecados. Os meninos jogam-lhe em cima outro lodo e ele vai-se embora todo feliz com nas mãos uma cruz que ele dá para beijar a todos aqueles que encontra.


Alguns biógrafos explicam que tudo isto ele fez, querendo parecer doido "pelo amor do Cristo".


Outros, pelo contrário afirmam que ele foi mesmo atacado por um lapso de loucura: experiências demais, demasiadas tensões, trevas demais e luz demasiada, crueldade e ternura demais e ainda mais, muita necessidade de amar sem ter objetos reais dignos de amor.


Assim acabou em um manicômio: naquele tempo o tratamento para curar era aquele de acorrentar os mais violentos para depois acalma-los com chicotadas.


Mas este "doente" era esquisito até na sua loucura. Quando era ele a ser castigado, encorajava os enfermeiros a continuar pois achava justo castigar aquela carne que tanto tinha pecado. Mas se a ser chicoteado era um outro doente ele censurava os enfermeiros asperamente: "Traidores, porque tratais com tamanha crueldade estes pobres infelizes irmãos, que moram nesta casa de Deus ? Não seria melhor ter compaixão das suas provações, mante-los limpos e dar-lhes de comer com caridade e carinho? E reclamava-lhes a paga que recebiam que era para cuidar dos doentes e não para maltratá-los. Assim o resultado era que ele apanhava ainda mais.


João dizia: " Que Jesus Cristo me conceda a graça de um dia possuir um hospital no qual eu possa acolher os pobres abandonados e os infelizes privados do raciocínio, para eu cura-los como precisarem e nunca mais recebam maus tratos.


O grande poeta espanhol Lopez de Vega dedicou um poema a S. João de Deus, no qual assim ele comenta o episódio da sua loucura e da sua humilhação:


"Ser português e subir humilhação apavora; pois receber ultrajosas chicotadas e sofrer tal desonra pelas mãos dos castelhanos é para um português uma coisa incrível e nunca ouvida; de fato os portugueses são nobres e valorosos e então se Deus não tivesse assumido aquela desonra sobre si mesmo, não se sabe como um português poderia ter aguentado."


Certo dia apresentou-se ao diretor do manicômio e lhe disse que agradecendo a Deus sentia-se em boa saúde e livre de qualquer angústia e deu prova disto servindo os doentes com serenidade e uma caridade surpreendente.


Saindo do hospital recebeu logo outro choque; diante a porta do hospital estava passando o cortejo fúnebre que acompanhava à sepultura na capela real de Granada a bela imperatriz Isabel Augusta, esposa de Carlo V. A ele e ao duque Francisco Borgia, nesta ocasião acontece a mesma coisa. A visão do cadáver convence Francisco a encaminhar-se rumo à santidade e a João, de dedicar toda sua vida ao serviço de Nosso Senhor, tomando cuidado dos mais pobres.


Já tinha quarenta e quatro anos e restava-lhe a viver mais onze.


Mas em tão breve tempo ele se tornou o "Pai dos pobres", o "patriarca da caridade", a "maravilha de Granada" a "honra do seu século; todos, títulos que lhe foram atribuídos.


Começou trabalhar catando e vendendo lenha, até poder comprar um casebre e ai abrigar os primeiros desemparados. Sendo que a moradia ficava em frente ao mercado do peixe ele se fazia dar aqueles que não tinham sido vendidos e não podendo guarda-los, os cozinhava para os seus protegidos, assim em breve tempo tornou-se experto no preparo de sopas gostosas.


A noitinha percorria os bairros residenciais levando nas costas uma cesta de vimes e duas panelas ligadas com uma corda e passada ao redor do pescoço e ía gritando: "Alguém quer fazer o bem para si mesmo? Meus irmãos, pelo amor de Deus fazei o bem a vós mesmos".


este o significado que origina o lema da sua ordem religiosa. "Fate bene fratelli" Esta frase não queria dizer que precisa cuidar dos irmãos mais pobres mas sim que deve-se fazer bem a si mesmos fazendo o bem ao próximo.


Não se consegue amar verdadeiramente os pobres se antes não tiver descoberto a própria incrível pobreza e a precisão de enriquecer a própria miserável vida fazendo o bem a si mesmos através do bem feito aos irmãos.


Os santos que tem amado a pobreza e os pobres, tem percebido em tal amor uma riqueza que podia preencher a existência deles mais do que qualquer tesouro.


A caridade nunca vai de um rico para um pobre, mas de um pobre para outro pobre: de um que tem descoberto de ser pobre apesar de suas riquezas e que estas lhe tem sido doadas "Para ganhar um tesouro no céu" fazendo o bem sobre a terra.


Começaram chegar as primeiras doações e assim se pude ampliar a casa. João acolhe os seus doentes fazendo uma seleção e pondo-os divididos por doença: um quarto para os febricitantes, um para os feridos, um para os inválidos; o andar térreo era destinado aos viandantes e mendigos que não achavam um lugar para dormir. E tudo isto em um tempo que, nos hospitais vinham amontoados sem nenhuma distinção e pondo mais enfermos em uma cama.


O Lombroso que certamente não era muito tenro para com a Igreja, definiu João Cidade, "O criador do hospital moderno"


Cuidava pessoalmente de tudo: acolhia os necessitados e dava banho neles, procurava os alimentos que ele mesmo cozinhava, lavava os pratos, varria, lavava as roupas, ia buscar água e lenha.

Os visitadores ficavam impressionados pela ordem e limpeza que havia no hospital.


Se no início da opera ainda o consideravam doido, agora o chamavam "o Santo".


Aumentam as ofertas, os credores, alguns se propõem ajuda-lo compartilhando a sua fadiga, os mesmos doentes , aqueles com mais força, se tornam enfermeiros.


Um importante prelado de Granada começa protege-lo; porém, um dia lhe impõe de abandonar suas roupas esfarrapadas e vestir uma batina modesta mas limpa.


Depois deu-lhe um nome: "chamar-te-ás João de Deus" O sim! respondeu ele, se Deus assim gostar"


Cuidava dos doentes como se possuísse fartura mas o seu objetivo era claro, dizia: "Através dos corpos, chegar às almas" por esta razão para colaborar com ele, chamava no seu hospital os sacerdotes mais zelosos. Na sua caridade não tinha medo de nada nem dos roubos ou dos enganos, quando isso acontecia costumava usar uma expressão belíssima: "roubado eu?' Mas não, eu dou-me a Deus."


A imagem mais conhecida que nos ficou é aquela imortalizada pelo pintor Murilo e que se refere a um celebre acontecimento.


Uma noite de inverno, voltava para o hospital segurando com uma mão o cesto cheio de alimentos com a outra mão segurava o bastão e nas costa levava um pobre doente que tinha encontrado na estrada. A estrada era toda em subida e estava caindo um terrível aguaceiro. João escorregou e caiu. Aos gritos do doente alguém chegou à janela e viu João que batia a si mesmo com o bastão gritando para si: "Seu burro, estúpido, mole de um preguiçoso, talvez você não comeu hoje hein? Então por que não trabalhas? Os pobres te esperam e olha o que voce fez a este moribundo". Depois posto outra vez o doente nas costas pegou o cesto e arrastou-se até o Hospital.


Seu primeiro colaborador estável foi Antonio Martin: por razões de honra tinham-lhe matado o irmão e ele por sua vez esperava o momento de se vingar. Nada podia tira-lo desta decisão pois disto dependia sua honra, um empenho de sangue. Entretanto Antonio era bom, generoso com os pobres e então João quis obter a "conversão deste batizado".


Passou a noite inteira rezando e flagelando-se e pela manhã foi procurar o Antonio ajoelhou-se ao seus pés e mostrando-lhe o crucifixo lhe disse: " Irmão Antonio, eis aquele que vos perdoará se vos também perdoardes mas se vos vingais o sangue do vosso irmão, o Senhor vos pedirá conta do sangue divino que vós derramai cada dia com os vossos pecados."


Entre lágrimas Antonio respondeu: "Irmão João, não apenas quero perdoa-lo e sim pelo amor de Deus me entrego a vós e aos pobres."


Tornou-se assim seu amigo e sucessor. Outro seu colaborador se tornou o assassino Pedro Velasco.


João tinha uma atenção toda particular por aquelas pecadoras que mais suscitavam a sua misericordiosa ternura: as prostitutas.


A cada sexta feira ia a um prostíbulo, escolhia a mulher mais perdida e lhe dizia: "Minha filha tudo o que um homem poderia te dar, eu te darei… e até mais. Peço-te somente de escutar duas palavras, aqui no teu quarto" enquanto que esta ficava olhando, ele se jogava de joelho diante do seu crucifixo e começava a chorar e acusar-se dos seus próprios pecados e depois dizia: "Minha irmã considera quanto tens custado a Nosso Senhor! Algumas se arrependiam; mas muitas vezes a situação não podia ser resolvida pois eram amarradas pelas dívidas e ameaças. Então João apelava para algumas damas da nobreza pedindo dinheiro: "Minha irmã, tem uma prisioneira do demônio, ajudai-me a livrá-la pelo amor de Deus e a arranquemos daquela miserável escravidão". E se nada obtinha, empenhava-se a pagar todas as dívidas que aquelas coitadas tinham feito.


Aquilo que devia suportar dedicando-se a este apostolado nem se pode imaginar mas João achava-o absolutamente necessário. Quando as acusações e as calúnias se tornavam intoleráveis, a quem o ofendia ele respondia: "Dia mais dia menos precisarei te perdoar, então è melhor te perdoar logo agora."


Precisava andar por esmola e certa vez precisou ir pedir até ao palácio real de Valadolid. Mas o seus pedidos acabavam em malogros: pedia dinheiro para seu hospital de Granada mas acabava gastando o dinheiro recebido ajudando todo pobre que encontrava na cidade onde tinha esmolado. A coisa se tornava ridícula a tal ponto que o conde de Téndila pensou de resolve-la dando-lhe cartas de crédito que podiam ser pagadas somente a Granada.


Quando a Granada o grande hospital Régio foi destruído por um incêndio, João se jogou no fogo para salvar os doentes.


O antigo breviário no dia da sua festa assim comentava o episódio: "Ensinando a caridade, demonstrou que o fogo exterior tinha menor força do fogo que o queimava interiormente." E foi esta a cena que apareceu na Glória do Bernini o dia da sua canonização. O hospital crescia. Em uma carta João escreve:


"São assim numerosos os pobres que aqui chegam que eu mesmo não sei como alimentá-los, mas Jesus Cristo providencia tudo e lhes dá de comer, porque somente por a lenha precisa sete ou oito reais cada dia. A cidade è grande muito fria e especialmente no inverno são muitos os pobres que chegam a esta casa de Deus: sã mais de cem o cento e dez; são disformes, mutilados, leprosos, mudos, paralíticos, muitos velhos, meninos, sem contar os peregrinos e os caminheiros que chegam e precisam de lenha, água sal, panelas para cozinhar e vasilhas para comer e para isto não temos auxílio; mas Jesus Cristo providencia tudo…e desta maneira sou devedor e cativo somente para o Cristo.


: "Não tenho nem o espaço de um Creio em Deus Pai para poder respirar", dizia...


No início do 1550 adoece gravemente: uma nobre sua benfeitora o acha com febre alta na sua pobre cama feita de uma tábua, enquanto que o cesto lhe servia de travesseiro. A dama obteve do arquibispo uma permissão e de uma ordem para João, de leva-lo no seu palácio nobre.


Enquanto que o levavam os pobres circundaram a liteira gritando e reclamando. Perturbado João os abençoava chorando e dizia: Deus sabe meus irmãos quanto eu desejaria morrer perto de vocês, mas desde que Ele quer que eu morra sem poder-vos ver, seja feita a sua vontade"


Na cama macia demais, João revelou ao Bispo as três coisas que o angustiava: A primeira era: "ter amado e servido pouco demais ao Senhor Jesus enquanto que tanto tinha recebido.


A segunda: os necessitados, as pessoas saídas do pecado e que precisavam dele, e os pobres acanhados dos quais ele levava o fardo ajudando-os.


A terceira: as dívidas contraídas por amor de Jesus Cristo" E assim dizendo entregou o caderno que apertava ao peito e não teve sossego até que o prelado não prometeu extinguir as dívidas.


Ao amanhecer do oito de março quando ao redor da sua cama não tinha ninguém, saiu daquela cama gostosa demais, ajoelhou-se no chão apertando ao peito o crucifixo e exalou o ultimo respiro. Morreu na idade de cinquenta e cinco anos.


Acharam-no assim, morto de algum tempo mas ainda de joelho. As exéquias foram majestosas. O esquife era levado por quatro homens da mais alta nobreza, mas no cortejo em primeira fila estavam os seus pobres e os doentes do seu hospital.


Lopez de Vega no poema que já temos mencionado, escreveu:


"Amou tanto a pobreza que se tivesse encontrado um anjo e um pobre, teria deixado o anjo e abraçado o pobre" e mais: "A Belém te amou Deus-menino no berço, no hospital Deus-doente no leito."


Uma biografia recente faz a síntese da sua aventura de uma maneira profunda: "Era um homem que teria tido precisão de encontrar um são João de Deus; e o descobriu em si mesmo".


***Perdão por alguma palavra que não se compreende, mas o texto foi escrito com português mais arcaico, em Portugal.

Muitas palavras foram extintas e tive que substituir por algumas mais novas.



MARTIROLÓGIO ROMANO

08/03


1. São João de Deus, religioso, natural de Portugal, que, depois de uma vida cheia de perigos na vida de soldado, ambicionando coisas maiores, com incansável caridade se entregou ao serviço dos pobres e dos enfermos num hospital por ele fundado e associou à sua obra um grupo de companheiros, que posteriormente constituíram a Ordem Hospitalar de São João de Deus. Neste dia, em Granada, na Espanha, passou ao descanso eterno.

(† 1550)


2. Comemoração de São Pôncio, que foi em Cartago diácono de São Cipriano, a quem acompanhou no exílio até à sua morte, deixando um admirável relato da sua vida e martírio.

(† s. III)


3. Em Antínoo, no Egipto, os santos Apolónio e Filémon, mártires.

(† 287)


4*. Em Como, na Ligúria, atualmente na Lombardia, região da Itália, São Provino, bispo, fiel discípulo de Santo Ambrósio, que preservou da heresia ariana a Igreja que lhe foi confiada.

(† c. 420)


5*. Na ilha de Scathery, na Hibérnia, atual Irlanda, São Senano, abade.

(† s. VI)


6. Em Dunwich, na Inglaterra, São Félix, bispo, natural da Borgonha, que evangelizou os Anglos orientais no tempo do rei Sigeberto.

(† c. 646)


7. Em Nicomédia, na Bitínia, hoje Izmit, na Turquia, São Teofilacto, bispo, que, condenado ao exílio por causa do culto das sagradas imagens, morreu em Stróbilon, na Cária, atualmente território da Turquia.

(† c. 840)


8*. No território dos Morinos, na Gália, hoje na França, Santo Hunfredo, bispo de Therouanne, que, após a destruição da cidade pelos Normandos, imediatamente se empenhou em congregar e reconfortar o seu povo.

(† 871)


9*. Em Pavia, na Lombardia, região da Itália, São Litifredo, bispo.

(† 874)


10*. Em Tayne, cidade da Escócia, o sepultamento de São Dutácio, bispo de Ross.

(† c. 1065)


11*. Em Estella, povoação de Navarra, região da Espanha, São Veremundo, abade de Irache, que, tendo abraçado desde tenra idade a vida monástica, era assíduo aos jejuns e vigílias e estimulou com o exemplo os monges do seu mosteiro ao desejo da perfeição.

(† c. 1095)


12*. Em Obazine, perto de Limoges, na Aquitânia, na atual França, Santo Estêvão, primeiro abade do mosteiro deste lugar, que, na procura de Deus, associou os três mosteiros por ele fundados à Ordem Cisterciense.

(† 1159)


13*. No mosteiro de Jedrzejow, na Polónia, o passamento de São Vicente Kadlubek, bispo de Cracóvia, que, depois de renunciar ao seu ministério, professou neste lugar vida monástica.

(† 1223)


14♦. Em Hiroshima, no Japão, o Beato Joaquim Kuroemon, mártir.

(† 1624)


15*. Em Getafe, cidade próxima de Madrid, na Espanha, o Beato Faustino Míguez, religioso da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, que, ordenado presbítero, se dedicou totalmente ao ensino e, atingindo grande fama como mestre e perito nas ciências da natureza, exerceu diligentemente a atividade pastoral e fundou a Congregação das Filhas da Divina Pastora.

(† 1925)

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