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  • Sérgio Fadul - Franciscanos.org

São Clemente Maria Hofbauer


São Clemente Maria Hofbauer nasceu no dia 26 de dezembro de 1751, em Tasswitz, na República Tcheca. Era o nono de doze filhos nascidos do casal Maria e Paulo Hofbauer. No Batismo recebeu o nome de João. Mais tarde, quando eremita, recebe o nome de Clemente. Pensou na carreira militar, como a de seu irmão. Mas a meta do sacerdócio que finalmente sobrepujou a carreira militar. Todavia, sendo de família pobre, Clemente tinha pouca chance de ir para um seminário ou entrar para uma ordem religiosa.


Começou a estudar latim na casa paroquial quando tinha quatorze anos. Incapaz de prosseguir os estudos eclesiásticos, teve que aprender um ofício. Foi mandado como aprendiz a uma padaria em 1767. Em 1770 foi trabalhar na padaria do mosteiro premonstratense Klosterbruck.


Em 1771, uma viagem à Itália levou Clemente a Tívoli. Aí decidiu fazer-se eremita no santuário de Nossa Senhora de Quintiliolo e pediu ao bispo local o hábito de eremita. Foi aí que recebeu o nome de Clemente Maria. Manteve para a vida o hábito da oração e do trabalho.


Voltou ao mosteiro para de novo ser padeiro e recomeçar o estudo do latim. Embora tivesse completado os estudos de filosofia em 1776, não pode ir adiante. Não era o tipo de vida que queria. Não era apostolado.


Voltou para casa e viveu dois anos como eremita em Mühlfrauen. Por insistência da mãe, deixou o eremitério para de novo tornar-se padeiro. Desta vez conseguiu um emprego numa famosa padaria de Viena, onde encontrou duas senhoras distintas que se tornaram que pagaram seus estudos.


Aos 29 anos entrou para a Universidade de Viena. Ali ficou frustrado com os cursos das matérias eclesiásticas, cheios de racionalismo e de outras doutrinas nada católicas.


Durante uma peregrinação à Itália em 1784, Clemente e seu companheiro de viagem, Tadeu Hübl, decidiram entrar numa comunidade religiosa. Os dois foram aceitos no noviciado redentorista de São Julião em Roma. Na festa de São José, 19 de março de 1785, Clemente e Tadeu tornaram-se redentoristas, professando os votos de pobreza, castidade e obediência. Dez dias depois foram ordenados sacerdotes.


Poucos meses após a ordenação, os dois redentoristas estrangeiros foram convocados pelo seu Superior Geral, Pe. De Paola. Receberam a missão de voltar à Austria e estabelecer a Congregação redentorista. Era uma nomeação difícil e insólita para dois homens recém-ordenados. Para Afonso, essa difusão da Congregação além dos Alpes era uma prova segura de que os Redentoristas iriam perdurar até o fim dos tempos.


Varsóvia e São Beno


A situação política não permitiu a Clemente permanecer no seu próprio país. O imperador austríaco que tinha fechado mais de mil mosteiros e conventos, não permitiria que uma nova ordem religiosa fizesse uma fundação. Sabendo disto, os dois redentoristas foram para a Polônia. Em fevereiro de 1787 eles chegaram a Varsóvia, cidade de 124.000 habitantes. Embora houvesse lá 160 igrejas e mais 20 mosteiros e conventos na cidade, pode-se dizer que era quase uma favela sem Deus. A população era pobre e mal educada, morando em casas mal conservadas. Muitos tinham passado do Catolicismo para à maçonaria.


A Polônia vivia uma grande turbulência política quando da chegada de Clemente em 1787. O rei Estanislau II era virtualmente um fantoche nas mãos de Catarina II da Rússia. Anos antes, em 1772, tinha ocorrido a primeira divisão do país - Áustria, Rússia e Prússia dividiram a presa. Divisão semelhante haveria de suceder de novo em 1793 e pela terceira vez em 1795. Napoleão e seu grande exército conquistador em marcha através da Europa haveria de aumentar a tensão política. Durante os vinte anos que Clemente passou em Varsóvia quase não teve um momento de paz.


Em Viena encontraram Pedro Kunzmann, um colega padeiro e com ele eremita na Itália. Ele se tornou o primeiro irmão redentorista fora da Itália. Chegaram a Varsóvia sem um centavo. Encontraram-se com o Delegado Apostólico, o Arcebispo Saluzzo, que lhes confiou a Igreja de São Beno para o trabalho com os de língua alemã.


Iniciou um trabalho com os orfãos. Quando o número de meninos foi demasiado para a sua casa, Clemente inaugurou o Refúgio Menino Jesus. Para dar comida e roupa aos garotos, tinha de pedir esmola.


No começo, quando os Redentoristas abriram a igreja, havia pouca gente. O povo tinha muitas coisas que os afastavam de Deus, e achavam difícil confiar naqueles padres estrangeiros. Com o tempo São Beno se tornou o centro florescente da Igreja em Varsóvia.


Em 1791, quarto ano depois da sua chegada, os Redentoristas ampliaram a casa dos meninos. Abriram um internato para meninas, posto sob a direção de algumas nobres senhoras de Varsóvia. O dinheiro para financiar tudo isso provinha de alguns benfeitores, mas Clemente ainda precisava mendigar à procura de ajuda para os seus muitos órfãos.


Na igreja, Clemente com seu grupo de cinco padres e três irmãos redentoristas, começaram o que chamaram de missão perpétua. Quem fosse a São Beno em qualquer dia poderia ouvir sermões em alemão e em polonês. Os padres estavam disponíveis para atender confissões a qualquer hora do dia e da noite.


Em 1800 o crescimento era visível não só no trabalho na igreja mas também na comunidade redentorista. O número de Redentoristas trabalhando em São Beno era de 21 padres e 7 irmãos. Havia também cinco noviços e quatro seminaristas poloneses.


Todo esse trabalho era feito em condições nada favoráveis. As batalhas chegaram a Varsóvia durante a Semana Santa de 1794. Os Redentoristas, como todo morador da cidade, sentiram sua vida em perigo constante. Três bombas atravessaram o teto da igreja mas não explodiram. Na ocasião das batalhas, Clemente e seus companheiros pregavam a paz. Isto apenas serviu para aumentar os gritos de protesto contra os Redentoristas, considerados traidores.


Quase desde o princípio, foram atacados de dois lados. Politicamente eram estrangeiros. Outro tipo de ataque era ainda mais doloroso. Um ataque pessoal, da parte de pessoas que deixaram a Igreja para se tornarem maçons. Encontravam-se nos seus grupos secretos para tramar contra os católicos, prejudicar os sacerdotes, impedir o culto público e fechar as igrejas.


Os Redentoristas tinham sempre de ficar atentos às emboscadas. Seus inimigos ficavam à espreita para atingi-los com pedras ou bater-lhes com varas. Certa vez alguém deu um pernil envenenado aos padres. Quatro deles morreram intoxicados. Foi uma terrível tragédia para Clemente. Providencialmente, quatro jovens entraram na comunidade pouco depois deste incidente.


Ainda mais doloroso para Clemente foi perder seu colega e grande amigo Pe. Tadeu. Tadeu recebeu um falso chamado para um doente. Muitas horas depois foi lançado para fora de uma carruagem em grande velocidade, depois de ter sido torturado e moído de pancadas. Alguns dias depois morreu em decorrência da agressão. Clemente ficou profundamente contristado com a morte do amigo.


Os ataques continuaram. Os Redentoristas passaram a ser alvo de zombarias nos teatros. Os padres poloneses do lugar chegaram a tentar deter o trabalho feito pelos Redentoristas. Depois de vinte anos edificando a fé do povo de Varsóvia, eram atacados, assaltados e atormentados. Em 1806 foi promulgada uma lei proibindo os sacerdotes locais de convidar os Redentoristas para pregar missões em suas paróquias. Veio depois uma lei que impedia os Redentoristas de pregar e de ouvir confissões na sua própria igreja de São Beno.


Diante disto, Clemente apelou diretamente ao Rei da Saxônia que governava a Polônia na época. Embora soubesse do bem que os Redentoristas estavam fazendo, ele era impotente para deter os maçons que queriam ver os Redentoristas fora da Polônia. O decreto de expulsão foi assinado dia 9 de junho de 1808. Onze dias depois, a igreja de São Beno era fechada e os quarenta Redentoristas lá residentes foram levados para a prisão, onde ficaram quatro semanas, até lhes ser dada ordem de voltar cada qual para seu país.


Viena: um novo começo


Em setembro de 1808, depois de exilado da Polônia, Clemente chegou a Viena. Lá ficaria até a morte, quase treze anos depois. Em 1809, quando as forças de Napoleão atacaram Viena, Clemente trabalhava como capelão de um hospital, cuidando dos muitos soldados feridos. O arcebispo, vendo o seu zelo, pediu-lhe que cuidasse de uma pequena igreja italiana na cidade de Viena. Aí permaneceu quatro anos, até ser nomeado capelão das irmãs ursulinas em julho de 1813


Cuidando do bem-estar espiritual das irmãs e dos leigos que frequentavam sua capela, a verdadeira santidade de Clemente manifestou-se ainda mais claramente. Naquele altar a sua devoção revelava-o como homem de fé. No púlpito falava as palavras que o povo precisava ouvir. Pregava de tal modo que pudessem conhecer os pecados deles, experimentar a bondade de Deus e viver suas vidas conforme a vontade divina.


Naqueles primeiros anos do século XIX, Viena era um importante centro cultural europeu. Clemente gostava de entreter-se com estudantes e intelectuais. Os estudantes vinham - a sós ou em grupos - para sua casa a fim de conversar, fazer uma refeição ou pedir conselho. Boa parte deles se tornou Redentoristas. Trouxe para a Igreja muitos ricos e artistas.


Em Viena Clemente sofreu novos ataques. Por certo tempo foi proibido de pregar. Depois foi ameaçado de expulsão por se ter comunicado com o seu Superior Geral redentorista em Roma. Antes que a expulsão fosse oficializada, o Imperador Francisco da Áustria deveria assiná-la. Na ocasião o Imperador fez uma peregrinação a Roma, onde visitou o Papa Pio VII e ficou sabendo quanto era estimada sua obra. Soube também que podia recompensá-lo pelos seus anos de serviço dedicado permitindo-lhe começar uma fundação redentorista na Áustria.


Assim, em vez de um decreto de expulsão, ganhou uma audiência com o Imperador Francisco. Rapidamente os planos estavam feitos. Foi escolhida e restaurada uma igreja para se tornar a primeira fundação redentorista na Áustria. Mas isto haveria de iniciar sem Clemente. Ele caiu doente no início de março de 1820 e morreu no dia 15 de março do mesmo ano. Morreu com a gratificante notícia de que o seu segundo sonho tinha sido realizado.


Canonização


Clemente Hofbauer foi beatificado no dia 29 de Janeiro de 1888 pelo Papa Leão XIII, e canonizado no dia 20 de maio de 1909. Em 1914, o Papa Pio X concedeu-lhe o título de Apóstolo e Patrono de Viena.


O que fez de Clemente um santo? Não fez nenhum milagre que nos deslumbrasse, nem teve visões para nos maravilhar. Teve até faltas - um temperamento alemão irritadiço, uma tendência a ser áspero. No entanto, se nós pudéssemos passar algumas horas com ele, iríamos descobri-lo como um homem de uma fé excepcionalmente forte, de extraordinária calma e paz, e de incansável zelo apostólico.


A simplicidade foi a principal característica da sua santidade. Aceitava a vontade de Deus do jeito que ela vinha, e fez todo o bem de que foi capaz. Levou uma vida de inocência e de serviço, dedicando-se a louvar a Deus e a levar os outros a servi-lo. Pelo seu modo totalmente simples de se tornar santo, Clemente é um modelo para todos.

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