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  • Sérgio Fadul / Pe. Thomas Kevin Kraft

Santa Margarida da Escócia



Santa Margarida, rainha da Escócia no século XI, impulsionou as artes da civilização, a educação e a religião, e atuava abnegadamente em benefício dos mais necessitados do reino. Seu esposo, o rei Malcolm, consultava-a em todos os assuntos mais graves de Estado, nos períodos de guerra e de paz, e ela administrava mais que o próprio rei os assuntos do palácio.


Como uma mulher deste nível chegou à Escócia em pleno século XI? Margarida, filha do rei SANTO EDUARDO da Inglaterra, nasceu em 1046 no exílio, devido à invasão da Inglaterra pelo rei Canuto da Dinamarca. Foi criada na cristianíssima corte de Santo Estêvão de Hungria, onde recebeu uma esmerada educação na fé, dedicando-se ao estudo das Escrituras desde menina. Depois de retornar à Inglaterra teve que fugir novamente com seus irmãos, durante a perseguição de Guilherme o Conquistador (1067) e chegaram casualmente à costa de Escócia, onde reinava Malcolm Canmore, viúvo, que tinha uns 40 anos de idade.


Estando na Escócia, Margarida, tão bonita como boa e recatada, cativou o coração de Malcolm e, no ano de 1070, tendo ela 24 anos, casou-se com o rei no castelo de Dunfermline. Aquele matrimônio atraiu muitos benefícios para Malcolm e para Escócia. O rei era um homem rude e inculto, mas com boa disposição, e Margarida, segura da grande influência que exercia sobre ele, suavizou seu caráter, educou seus modos e o converteu num dos monarcas mais virtuosos dentre os que ocuparam o trono da Escócia. Graças àquela admirável mulher, as metas do reino foram, desde então, estabelecer a religião cristã e fazer felizes aos súditos. Não só deixou nas mãos da rainha a total administração dos assuntos domésticos, mas também continuamente a consultava nos assuntos de Estado.


Malcolm se transformou, sob a influência da graça divina, através de sua esposa, tornando-se um magnífico soberano cristão.


Do caráter nobilíssimo de Santa Margarida temos o incomparável testemunho de seu confessor, o sacerdote Turgot, que escreveu sua biografia a pedido de uma filha da santa:

“A rainha unia à doçura de seu caráter um estrito sentido do dever e, mesmo em sua severidade, era tão gentil, que todos que a rodeavam, homens ou mulheres, chegavam instintivamente a amá-la, ao mesmo tempo em que a temiam, e por temê-la, amavam-na. Algumas vezes apontava as faltas dos demais – sempre as próprias -, com essa aceitável severidade moderada pela justiça, que o Salmista nos recomenda usar sempre ao dizer-nos: ‘Encoleriza-te, mas não chegues a pecar’. Todas as ações de sua vida estavam regradas pelo equilíbrio da mais gentil das discrições, qualidade esta que colocava um selo distintivo sobre cada uma de suas virtudes. Em resumo, posso dizer que cada palavra que pronunciava, cada ação que realizava, parecia demonstrar que a rainha meditava nas coisas do céu”.

E sobre a influência da “graça conjugal” em seu esposo, o mesmo clérigo escreve:


“Pela ajuda de Deus, ela o fez atentíssimo às obras de justiça, misericórdia, esmolas e outras virtudes. Dela ele aprendeu a praticar vigílias noturnas em constante oração; instruiu-lhe exortando-o e dando exemplo de como orar a Deus com gemidos do coração e abundância de lágrimas. Fiquei admirado, confesso, do grande milagre da misericórdia de Deus, ao perceber no rei tão firme perseverança e entusiasmo em sua devoção, e me perguntei como poderia existir no coração de um homem, vivendo no mundo, total repulsa pelo pecado. Havia nele uma espécie de temor de ofender àquela, cuja vida era venerável, pois só podia concluir, por sua conduta, que Cristo habitava nela; voluntariamente obedeceu a seus desejos e prudentes conselhos em tudo. O que ela rechaçava ele também rechaçava; amava, por amor a ela, o que a agradava. De tal forma que, mesmo sem saber ler, dava voltas e examinava os livros de sua devoção ou de seu estudo, e quando a via demonstrar especial apreço por algum livro, ele também o olhava com delicado interesse, beijando-o e muitas vezes tomando-o em suas mãos. ”


Deus abençoou aos reis com seis filhos e duas filhas, aos quais sua mãe educou com cuidado meticuloso; ela mesma os instruiu na fé e doutrina católica. Sua filha Matilde se casou depois com Henrique I da Inglaterra (de quem deriva a atual família real inglesa) e passou à história com o apelido de Good Queen Maud (a boa rainha Maud), enquanto que três de seus filhos ocuparam sucessivamente o trono de Escócia, um dos quais é venerado como santo.

A rainha Margarida prodigava igualmente, entre os servos do Palácio, os seus cuidados e esmeros; incentivava aos familiares e súditos a leitura das vidas dos santos. E, todavia, apesar dos assuntos de Estado e das obrigações domésticas, mantinha-se recolhida em Deus. Em sua vida privada observava uma estreita austeridade. Juntos os reis realizavam certas práticas penitenciais; serviam pessoalmente a um grupo de órfãos e de adultos pobres, todos os dias, antes de comer. Durante o Advento e a Quaresma, os reis tinham o costume de convidar para comer no palácio a 300 pobres que eles mesmos atendiam, às vezes de joelhos, utilizando louça semelhante a utilizada em sua própria mesa. Fizeram isto de forma privada: só presenciavam os capelães, alguns religiosos e os servos. A santa rainha jejuava todos os anos no Advento e na Quaresma, e assistia todas as noites o Ofício das Horas na igreja; muitas vezes o rei a acompanhava nessas vigílias. Durante o dia empregava algumas horas à oração. Sobretudo dedicava um tempo a cada dia à leitura das Escrituras. O livro dos Evangelhos era para ela o tesouro mais precioso, lendo-os diariamente; Malcolm, dando-se conta desta preferência, mandou fazer um rico e cravejado Evangeliário com as folhas pintadas com letras de ouro e o entregou pessoalmente como sinal de seu especial amor. Certa vez o livro caiu num rio, e foi considerado um milagre o fato de o recuperarem horas depois com as folhas e letras intactas.


Certa vez, estando seus filhos já grandes, seu esposo saiu com eles para defender o território nacional na fronteira com a Inglaterra. Ela se despediu deles com lágrimas nos olhos, e depois o seu confessor notou nela uma mudança repentina: não irradiava a mesma alegria e com grande intimidade começou a falar-lhe de toda a sua vida, em ordem. Disse-lhe chorando: “Adeus; meu fim se aproxima. Cuida de meus filhos e lembre-se de mim na Santa Missa”. Algum tempo depois, sofreu uma crise aguda: ficou pálida, seu coração palpitava violentamente, e quando conseguiu falar, disse: “Hoje caiu sobre o reino escocês uma grande desgraça”. Horas depois, após receber o Viático e se dispor a acolher a vontade de Deus, um dos seus filhos chegou, e ao ver o estado de sua mãe, teve temor de lhe comunicar sobre a morte de seu esposo e de um de seus filhos na batalha. Ela lhe revelou que já sabia o que havia ocorrido, mas queria escutar os fatos diretamente dele. Então o filho se encorajou para contar o que acontecera, ao que ela respondeu: “Agradeço-lhe, Senhor. Agradeço porque me dás paciência para sofrer tantas calamidades juntas. Ao enviar-me tantas aflições na última hora de minha vida, tu me purificas de minhas culpas. Assim espero de tua misericórdia”.


Santa Margarida morreu aos 47 anos de idade, no dia 16 de novembro de 1093, quatro dias após a morte de seu esposo. Imediatamente o povo começou a honrá-la como santa e é grande sua popularidade na Escócia e em outros países. É recordada, sobretudo, por sua generosidade com os pobres e aflitos.


MARTIROLÓGIO ROMANO

16/11


1. Santa Margarida, que, nascida na Hungria e casada com Malcom III, rei da Escócia, deu à luz oito filhos e foi sumamente solícita pelo reino e pela Igreja; aliava à oração e jejuns a generosidade para com os pobres, dando assim exemplo admirável de esposa, mãe e rainha.

(† 1093)


2. Santa Gertrudes, apelidada «Magna», virgem, que se dedicou com fervor e persistência, já desde a infância, à solidão e ao estudo das letras e, convertida totalmente a Deus, ingressou no mosteiro cisterciense de Helfta, próximo de Eisleben, na Saxónia, região da Alemanha, onde progrediu de modo admirável no caminho da perfeição, consagrando-se à oração e contemplação de Cristo crucificado. Morreu no dia Dezessete deste mês.

(† c. 1302)


3. Em Cápua, na Campânia, região da Itália, os santos Agostinho e Felicidade, mártires, que, segundo a tradição, padeceram no tempo do imperador Décio.

(† c. 250)


4*. Em Déols, na região de Bourges, na Gália, hoje na França, a comemoração dos santos Leocádio e Lusor; o primeiro, sendo senador das Gálias e ainda pagão, recebeu os primeiros arautos da fé cristã neste território e converteu em igreja a sua própria casa; o segundo, seu filho, diz-se que faleceu quando ainda levava as vestes brancas do Baptismo.

(† s. IV)


5. Em Lião, também na Gália, Santo Euquério, que, pertencendo à ordem senatorial, se retirou com a sua família para a vida ascética numa ilha próxima de Lérins; e depois, eleito bispo de Lião, escreveu muitas Paixões dos santos mártires.

(† 449)


6*. No território dos Helvécios, na hodierna Suíça, Santo Otemaro, abade, que, no local onde São Galo construíra uma cela, fundou um pequeno hospital para leprosos e um cenóbio sob a regra de São Bento e, por defender os direitos destas instituições, foi deportado por vizinhos poderosos para uma ilha do Reno, onde morreu exilado.

(† 759)


7*. No mosteiro de Cava de’ Tirréni, na Campânia, região da Itália, o Beato Simeão, abade.

(† 1141)


8. Em Soisy-Bouy, perto de Provins, na França, o passamento de Santo Edmundo Rich, bispo de Cantuária, que, desterrado por defender os direitos da Igreja, se refugiou no mosteiro cisterciense de Pontigny, onde levou uma vida santa até à sua morte.

(† 1240)


9*. Em Assis, na Úmbria, região da Itália, no convento de São Damião, Santa Inês, virgem, que, na flor da juventude, seguindo sua irmã Santa Clara, abraçou de todo o coração a pobreza sob a direção de São Francisco.

(† 1253)


10*. Em York, na Inglaterra, o Beato Eduardo Osbaldeston, presbítero de Lencastre e mártir, que, depois de ter estudado no Colégio dos Ingleses de Reims, foi condenado à morte e enforcado no reinado de Isabel I, ao regressar à Inglaterra como sacerdote.

(† 1594)



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